Mesmo com alta nos casos ativos de covid-19, ocupação de leitos segue baixa e SMS não deve tomar medidas

Desde a segunda a semana de abril, o número de novos casos e casos ativos de covid-19 vem crescendo em Curitiba. De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde, divulgado nesta terça-feira (26), a média móvel de casos ativos está 73% maior comparados a 14 dias atrás.

Enquanto no dia 7 de abril a SMS registrou 412 casos ativos, o menor número desde junho de 2020, hoje, 19 dias depois, são 908 moradores com potencial de transmissão do vírus. O aumento, porém, não preocupa a Secretaria. De acordo com Marion Burger, médica infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, os números estão dentro do esperado, considerando fatores como a desobrigatoriedade do uso de máscaras no mês de março e a chegada do outono – estação em que aumenta a circulação de vírus e bactérias transmitidos por via respiratória.

Marion explica que, apesar do coronavírus ter um alto contágio, o cenário atual é que ele está menos letal – seja pela população vacinada ou porque agora circulam variantes menos perigosas. Assim, o sistema de saúde de Curitiba não está sobrecarregado. Se estivesse, novas medidas de restrição poderiam ser retomadas.

“Se fosse só as máscaras [o motivo do aumento de casos ativos], já teria estourado o número de novos casos”, afirma a médica. “Atualmente, não há medida prevista de acordo com o número de casos novos, isso depende da apresentação da doença, do número de vacinados… Uma situação conjunta que determina as ações a serem tomadas”.

No último boletim da SMS, a taxa de ocupação dos 15 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 está em 27%, com 11 leitos livres. Já nos 35 leitos de enfermaria a taxa é de 9%. Nos meses mais críticos da pandemia, Curitiba chegou a ativar 1.348 leitos SUS exclusivos para internamento de pacientes com sintomas respiratórios.

Assim como a covid-19, também aumentou a circulação de outras doenças respiratórias. Segundo Marion Burger, é normal que o contágio aumente a partir do mês de abril e siga até meados de agosto. A médica afirma que a situação atual é parecida com o cenário dos anos anteriores à pandemia. “Nesses meses, aumentam cerca de 10 mil atendimentos [de síndromes respiratórias] por semana. Em abril de 2022, até agora foram 8 mil pessoas por semana. Em 2018 e 2019, esse número era entre 9 mil e 10 mil”.

A SMS recomenda que todas as pessoas que apresentem sintomas respiratórios, mesmo não sendo diagnosticadas com covid-19, mantenham o uso de máscaras ao sair de casa e continuem com as medidas de higiene. “Esses cuidados que aprendemos temos que trazê-los para outras doenças de transmissão respiratória. É necessário que população esteja consciente que ainda estamos em pandemia, por mais que a situação de emergência de saúde tenha sido revogada”, diz Marion Burger.

A médica também ressalta a necessidade das doses de reforço da vacina anticovid e a vacina contra a Influenza, disponíveis nos postos de saúde de Curitiba para toda a população. Até hoje, todas as pessoas acima de 18 anos já foram convocadas para a terceira dose da imunização contra a covid-19. O objetivo é estar preparado para um possível retorno de variantes perigosas do coronavírus.

“Assim como a vacina contra a gripe é aplicada antes da circulação, temos que fazer o reforço antes que a covid-19 volte a circular em larga escala. A preocupação sempre vai existir. Essa é uma doença com dois anos de história, e o que a gente aprendeu foi que não podemos vacilar”, completa Marion Burger.