Surto de Hepatite A em Curitiba: capital registra 150 casos em 2024

Com a colaboração de Prefeitura de Curitiba

A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS) emitiu um novo alerta sobre o surto de Hepatite A na capital. Relatório do Centro de Epidemiologia da pasta, divulgado nesta segunda-feira (29), contabiliza 150 casos da doença registrados entre janeiro e 26 de abril de 2024.

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Foto: Pedro Ribas/SMCS

O alto número de casos caracteriza surto da doença, o que motivou estudo da SMS quanto às características e a fonte das contaminações.

“Nossas equipes estão investigando todos os casos confirmados, inclusive com a realização de inquérito telefônico. Os números nos alertam para a necessidade de intensificar os cuidados preventivos”, informa o médico e diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides de Oliveira.

A série histórica de vigilância das hepatites virais da Secretaria Municipal da Saúde registrou, entre 2012 e 2022, 111 casos de Hepatite A em Curitiba. Geralmente, são menos de 10 casos por ano, mas em alguns períodos as confirmações cresceram. Em 2012, foram confirmados cinco casos da doença na cidade; três em 2013; cinco em 2014; cinco casos também em 2020, 2021 e 2022. O maior número registrado em Curitiba havia sido em 2018, com 21 confirmações.

Em 2024, desde janeiro até 26 de abril, já foram confirmados 150 casos de hepatite A em Curitiba, dos quais 80% (120 casos) atingiram homens e 20% (30 casos) mulheres. A faixa etária mais evidente está entre 20 e 39 anos. Cerca de 48% das pessoas contaminadas (72) precisaram de hospitalização e sete delas (9,7%) necessitaram de cuidados intensivos, ou seja, internação em UTI.

Também foram confirmados três óbitos por Hepatite A aguda neste ano: uma mulher de 29 anos, e dois homens, de 40 e 60 anos. Um homem de 46 anos precisou de transplante hepático em decorrência da doença e já está recuperado.

Surto de Hepatite A em Curitiba: como se prevenir?

A principal orientação é intensificar os cuidados de higiene das mãos antes de comer e após usar o banheiro, a atenção à qualidade da água, tanto para o consumo quanto aquela usada para lavar frutas e verduras, e o uso de preservativos nas relações sexuais.

A investigação realizada pelo Centro de Epidemiologia não identificou focos de contaminação de água ou alimento, o que reforça o comportamento sexual desprotegido como fonte provável de contaminação.

“A prática de sexo seguro, principalmente anal/oral, tem se mostrado uma indicação necessária, principalmente entre os jovens, que não estão imunizados contra a Hepatite A”, reforça Alcides Oliveira.

Quem teve Hepatite A na infância, quando a situação de saneamento básico ainda estava aquém do necessário e era comum a contaminação por água não tratada, já tem imunidade contra a doença. As crianças, vacinadas desde 2014 pelo sistema público, também estão protegidas. Já o jovem adulto, faixa etária que concentra 80% das confirmações, não tem imunidade contra a doença porque não foi vacinado, o que reforça ainda mais a necessidade das ações preventivas indicadas.

Vacina contra a Hepatite A

Desde 2014, a vacina de hepatite A está disponível no calendário básico de vacinação do SUS para crianças menores de 5 anos. Todas as Unidades de Saúde da capital paranaense oferecem a imunização contra a doença.

No Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) a vacina de Hepatite A está disponível para os seguintes grupos:

  • Hepatopatia crônica de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C e B.
  • Pessoas vivendo com HIV/aids.
  • Imunodepressão terapêutica ou por doenças imunodepressoras.
  • Coagulopatias, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, hemoglobinopatias.
  • Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
  • Transplantados de órgão sólido (TOS).
  • Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
  • Asplenia anatômica ou funcional de doenças relacionadas.

Outras formas de prevenção:

  • Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
  • Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
  • Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
  • Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
  • Usar instalações sanitárias;
  • No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
  • Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
  • Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
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