Edison Brittes, assassino confesso da morte do jogador Daniel Corrêa em 2018, foi interrogado nesta segunda-feira (18), no primeiro dia do júri popular do caso, no Fórum de São José dos Pinhais. Brittes afirmou que mentiu em depoimentos anteriores por orientação do advogado Claudio Dalledone Junior, que o defendeu até março de 2023.
Brittes está sendo julgado junto com outros seis réus no processo: Cristiana Rodrigues Brittes (esposa de Edison), Allana Emilly Brittes (filha de Brittes), David William Vollero Silva (marido de Allana), Evellyn Perusso, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Ygor King.
Atualmente, Edison é representado pelo advogado Elias Mattar Assad. No depoimento nesta segunda (19), ele disse que foi “induzido a contar mentiras” por orientação do advogado anterior.
A fala foi rebatida por Dalledone, que se posicionou em vídeo enviado à reportagem da Rede Massa | SBT. O advogado afirma que Edison Brittes apresentou sua quinta versão do caso e que tem “toda a reserva de ódio” de Dalledone pela renúncia do caso ano passado.
“Renunciei por questão de foro íntimo. Eu recebi uma proposta criminosa, indecorosa, e o meu trabalho foi causa, não mais defendê-lo”, disse. “Não orientei ele a mentir, muito pelo contrário. A mentira faz parte dele, é a quinta versão que ele está apresentando, agora com esse adendo, por ordem do advogado”.
Dalledone ainda afirma que explicaria o motivo do foro íntimo se fosse convocado para isso e que as provas estão documentadas.
“Se necessário for eu posso abrir mão do meu segredo, porque a lei assim permite, para me defender. E não vai ficar nada agradável, nem para o advogado que está defendendo nem para o Edson Brittes. Me coloco também à disposição se o juiz de direito e os promotores entenderem, e até o advogado”.
Elias Mattar Assad comentou a fala de Brittes na manhã desta terça (19), antes do início do segundo dia do júri.
“A defesa anterior tinha uma estratégia talvez, e a nova defesa tem sua estratégia. Isso é perfeitamente lícito, não tem nada de ilicitude. Pedi para ele contar a verdade, e a confissão dele, além de ser um elemento de atenuação de pena, é uma coisa que não tem como contornar. Eu vou postular a absolvição”, afirmou.
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Edison Brittes é interrogado no julgamento do Caso Daniel
No depoimento, Edison deu detalhes de como ocorreu a morte de Daniel. Brittes diz que viu Daniel pela janela em cima da esposa Cristina, sem calça, e começou as agressões para defender a mulher. O réu ainda disse que colocou a vítima no carro e só tinha intenção de deixá-la como estava na rua, mas ao pegar o celular viu em conversas as fotos que o jogador tirou com Cristina na cama. Ele afirmou que, sozinho, tirou Daniel do carro e o “emasculou”.
Além de Edison, Cristina Brittes também foi interrogada na segunda (18), enquanto os outros réus são ouvidos nesta terça (19).
Relembre o Caso Daniel
Em 27 de outubro de 2018, o jogador de 24 anos foi encontrado morto em uma área rural de São José dos Pinhais, na Grande Curitiba. Segundo a polícia, o rapaz estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado.
O caso ocorreu após o jogador participar de uma festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes em uma casa noturna de Curitiba. Em seguida, ele foi até um ‘after’ na casa da família Brittes.
A denúncia do Ministério Público do Paraná (MPPR) aponta que Daniel entrou no quarto de Cristina Brittes, que estava dormindo, e tirou fotos ao lado dela. As imagens foram enviadas em um grupo de amigos do jogador.
Edison Brittes viu o jogador na janela do quarto e foi até o cômodo, onde agrediu Daniel com outros homens que estavam da festa. Ele argumenta que a esposa foi estuprada pelo jogador.
Após as agressões, Daniel foi colocado em um carro e levado até um matagal. Na sequência, ele foi mutilado e degolado no local. O corpo da vítima foi encontrado horas depois.