Os dois homens que foram presos nesta quinta-feira (24) suspeitos de planejarem e executarem o assassinato de Ana Paula Camnpestrini, na última terça (22), negaram qualquer tipo de envolvimento no crime. A mulher foi brutalmente executada com 14 tiros em frente ao condomínio onde morava, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, e a polícia apontou que o ex-marido seria o mandante do crime; um amigo dele teria dados os tiros que mataram a vítima.
Wagner Cardeal Oganauskas, ex-marido de Ana Paula, prestou depoimento por duas horas e meia e negou ter orquestrado o assassinato. De acordo com uma das advogadas da dupla, Karoline Alves Crepaldi, o suspeito mora num condomínio fechado e o circuito interno de câmeras mostra que ele não saiu de casa na manhã do crime. “Ele estava com as crianças, os filhos estavam em casa fazendo aulas na modalidade virtual”, destaca a defensora.
Outro advogado de Oganauskas, Elias Mattar Assad, garante que tanto ele quanto Marcos Antônio Ramon “negam veemente” a autoria e também coloca em dúvida o trabalho da Polícia Civil. “Temos uma constatação de que investigações apressadas com ‘suspeitos de plantão’ normalmente acabam sendo sistematicamente enganadora; esse inquérito tem que aprofundar muito as investigações para poder tirar alguma conclusão no sentido de autoria”, aponta o jurista.
Uma terceira defensora da dupla, Louise Mattar Assad, alega ainda que Oganauskas “em nenhum momento se negou a receber visitas da mãe” e aponta que “há três anos foi ela, por vontade própria, que saiu de dentro de casa deixando aquelas crianças e visitando muito pouco” – a briga pela guarda dos filhos estava na Justiça, assim como a disputa pela divisão de bens. “Ela ficou com o carro e estava de posse de um sobrado, também foi quitada a dívida de pensão”, completa a advogada.
Quem também prestou depoimento foi o amigo de Oganauskas, Marcos Ramon, apontado pela polícia como o homem que aparece nas câmeras de segurança atirando 14 vezes contra a vítima. Assim como o amigo, ele nega qualquer participação no assassinato. “Ele foi bem detalhista em todo o depoimento porque nossos clientes têm o interesse em colaborar com a investigação porque são inocentes e não tem nada a esconder”, avalia Karoline.
“O Marcos tem uma moto que é completamente diferente da moto do real autor dos fatos. Inclusive essa moto foi vista pela delegada, essa moto dele tem placa e é de uma cilindrada muito superior à usada no cometimento do crime”, sinaliza a defensora.
Por enquanto, os dois suspeitos permanecem detidos por conta do mandado de prisão temporária expedido pela Justiça, com validade de cinco dias. Enquanto a polícia tenta converter a prisão temporária em preventiva (quando não há prazo para liberação dos suspeitos), a defesa já busca vias judiciais para tentar a liberação da dupla.
Nesta quinta, a Sociedade Morgenau emitiu uma nota confirmando o afastamento da dupla de suas funções no clube. Oganauskas era o presidente, e Ramon atuava como diretor da entidade. De acordo com a polícia, antes de ser morta, Ana Paula tinha ido até o clube para fazer a carteirinha de sócia, o que permitira a ela ficar mais perto dos filhos durante as atividades que eles praticavam lá. Segundo a investigação, o convite para se associar ao clube teria sido uma emboscada, já que Ana Paula foi seguida desde sua saída até a porta do condomínio onde foi assassinada.