Por Mariana Kojunski
A vida é feita de caminhos, nem todos são fáceis, na verdade, a grande a maioria é cheio de obstáculos, mas são essas “pedras” que fortalecem cada passo. E nessa caminhada existe uma busca constante, ser feliz.
Seria muito fácil se existisse uma receita para isso, mas ela é única e particular, o que pode ser semelhante é o caminho, cheio de curvas, mas sempre com crescimento.
O alimento como paixão
O movimento de vem e vai dos braços era constante na máquina de guilhotina, a agilidade com as mãos era necessária para montagem de blocos de papéis e a delicadeza com os dedos era indispensável na aplicação de adesivos em carros e fachadas. Ao redor um ambiente onde o som das impressões ecoava pelas paredes.
Por 16 anos essa foi a rotina da Cleoneide Ferri, conhecida como Cleo, na gráfica onde trabalhava. “Era um trabalho duro, cansativo, mas era em prol de um crescimento”, relembra ela. Mas afinal de contas, para onde, de fato, ela queria crescer?
O tempo passou, o casamento conturbado chegou ao fim e junto dele ficaram para trás os anos de dedicação “em prol de um crescimento”. Nesse fim e ao mesmo tempo recomeço, onde encontrar o caminho da felicidade? A mulher nascida em São João, no sudoeste do Paraná, se mudou para Foz do Iguaçu, no oeste do estado. Ela então passou a vender massas, pães e doces até que decidiu fazer um curso de panificação e confeitaria, na época em um órgão do município que oferecia a formação de graça.
Com dedicação e, principalmente, paixão pela produção dos alimentos, ela foi indicada para uma vaga de instrutora no Senac, foi aí que um novo caminho se abriu. “Antes de conhecer o Senac eu era uma dona de casa que fazia algumas preparações para vender, sem nenhuma perspectiva de crescimento”, reflete Cleo, como se voltasse no tempo.
Apesar da prática, ela não tinha nenhuma formação, ainda assim fez o processo seletivo. “Eu fiz sem esperança nenhuma de passar, de ser contratada, mas acabou que fui classificada e fui chamada para fazer os testes, mas no fim outra pessoa foi contratada”, relembra. Mas então, tudo parou por aí? Lembre-se, o caminho do S tem suas curvas, mas também seu ponto de crescimento.
Os cabelos como inspiração
Praticamente na mesma época em que Cleo buscava se reencontrar, Jocimara da Silva também recomeçava. A mulher que começou a trabalhar aos 13 anos de idade como babá, com muita dedicação conquistou um cargo de funcionária pública na prefeitura de Foz do Iguaçu, mas apesar de estável, a função parecia sempre deixar um vazio.
“Eu estava descontente com o trabalho, então comecei a procurar algo que gostasse. Sempre gostei de mexer com cabelo, então resolvi fazer um curso de cabeleireiro profissional no Senac”, conta Jocimara, relembrando o dia em que, sem saber, deu um passo na direção do caminho da felicidade.
O que era para ser mais um hobby foi ficando sério. Ela passou a ser chamada pelas amigas, vizinhas, foi contratada em um salão, até que decidiu abrir um estúdio no quintal de casa, mas, enquanto isso, dividia a profissão de funcionária pública com uma nova função que ia surgindo. Até que ela tomou uma decisão: “eu me desliguei da prefeitura, estava sobrecarregada, eu queria crescer, resolvi entrar na faculdade, queria trabalhar com estética. Entrei na faculdade de biomedicina”.
Quando tudo parecia caminhar bem veio o susto. “Quatro meses depois, eu me separei. Vivia um relacionamento abusivo, conturbado, cheguei em um momento que não tinha mais condições e me separei”, explica, relembrando os momentos de dificuldade de uma relação que durou 19 anos.
Neste momento Jocimara destaca que não foi fácil manter as contas em dia, “eu fiquei só com o salário do estúdio e as contas da faculdade”, para piorar, conta, “veio a pandemia, as pessoas cortaram o que era luxo, os eventos foram cancelados, então não tinha mais nada”.
Em meio às dívidas, perguntas e incertezas, com um sorriso no rosto, ela lembra da ideia que teve. “Vi que o Senac estava oferecendo um curso de finanças e pequenos negócios, decidi fazer para ter um horizonte, para ver como eu poderia melhorar o rendimento do meu negócio e parar de patinar”.
No momento da inscrição um detalhe chamou a atenção. “Tinha uma aba que falava ‘trabalhe conosco’, na época a vaga era para barbeiro, meu público era feminino, mas decidi me arriscar, nem que eu tivesse que aprender um pouco mais, me inscrevi, porém a vaga foi encerrada”, recorda.
Mas a decisão de voltar a trilhar o caminho do S nunca é por acaso. “Ligaram pra mim dizendo que tinha uma vaga de instrutora para a área de beleza” – neste momento, os olhos dela brilham como se a ligação tivesse acabado de acontecer. A vaga estava lá, mas era preciso passar por um processo seletivo antes.
O ponto de crescimento do S
E de processo seletivo a Cleo entende. Ela lembra como funciona o processo no Senac. “Eles têm uma visão de espera, se você passou em um processo seletivo tem até dois anos para ser chamado”. E é aí que vem o crescimento do caminho do S.
Feliz da vida Cleo lembra que “a pessoa que foi contratada ficou somente um ano e então eu fui chamada para trabalhar no Senac”. Emocionada ela lembra que “vim pela minha prática, pelo meu conhecimento, e com isso eles me deram a oportunidade de trabalhar como confeiteira contratada”.
O talento da mulher que havia buscado recomeçar, mas que ao mesmo tempo não tinha perspectiva de como e para onde crescer, foi visto. Desde quando passou a fazer parte da equipe do Senac, Cleo acumula no currículo cursos, além de graduação e pós-graduação na área da gastronomia.
“Eu tenho uma grande admiração pelo Senac e um agradecimento profundo, o Senac é uma grande oportunidade na vida das pessoas”, garante. Enquanto fala sobre o seu crescimento profissional, Cleo parece ver um filme passar pela cabeça. Hoje, o vem e vai dos braços movimenta o cilindro das massas, a agilidade com as mãos garante a mistura dos ingredientes e a delicadeza com os dedos faz nascer sobremesas que encantam.
O ambiente ao redor segue com barulho de máquinas, mas com orgulho Cleo destaca: “agora eu estou fazendo o que eu amo, enquanto a máquina faz barulho eu sei que o alimento vai sair do jeito que eu quero.” A mulher que antes trabalhava em prol de um crescimento que nem bem entendi qual era, hoje tem a certeza dos seus sonhos e suas conquistas.
Com gratidão nas palavras, ela faz questão de falar, “a minha vida profissional eu devo 100% ao Senac”. A partir do momento em que passou a ser valorizada Cleo conseguiu enxergar o próprio potencial, como uma mulher forte, batalhadora e de garra. Mesmo essa energia da busca pelo aprendizado e também de se ver como exemplo vem do acolhimento encontrado no Sesc.
“Eles são preocupados com o lado pessoal do colaborador, por isso oferecem cursos e palestras de autoajuda, eles entendem que precisamos estar bem psicologicamente para podermos trabalhar”. A mulher que começou por ser apaixonada pelo que faz, hoje é a chef confeiteira do Senac em Foz do Iguaçu, e sem medo de errar afirma, com um largo sorriso no rosto, “hoje eu me considero uma mulher vitoriosa e feliz. Feliz dentro da minha família, feliz como ser humano, feliz como profissional. Eu acordo todos os dias animada, porque tudo que envolve a minha profissão me deixa feliz”.
S de segunda chance
Felicidade também foi o sentimento que tomou conta da Jocimara, que fez o processo seletivo para ser instrutora do Senac e, apesar do nervosismo nas etapas, ela passou em primeiro lugar. “É muito gratificante você olhar para trás e ver que o mesmo lugar que se formou é onde está trabalhando”.
A moça que decidiu buscar o Senac para “parar de patinar”, hoje é instrutora da área da beleza e busca ensinar para as alunas não somente as técnicas da profissão, mas o olhar pra si. “Sempre falo sobre empoderamento feminino, para a mulher ter independência financeira” e acrescenta que “ser instrutora é apontar o caminho para as pessoas. Elas vêm no Senac querendo um caminho novo, uma oportunidade nova, uma profissão nova, você entender que está ajudando as pessoas, é muito gratificante”.
A Jocimara tem a consciência de que o trabalho que ela realiza faz parte de um ciclo de transformação. “É muito gostoso ver uma pessoa, por exemplo, ir fazer uma escova, ela feliz, na área da beleza proporcionamos qualidade de vida, autoestima para as pessoas”.
Durante os cursos, a mulher guerreira, que mesmo em meio às dificuldades nunca desistiu, sabe da responsabilidade que tem ao receber cada aluno. Ela entende que, junto com o conhecimento, leva força de uma entidade que mostrou como é possível trilhar o caminho da felicidade. “Eu me sinto feliz em trabalhar aqui, recebo os alunos com felicidade, eu não achava que seria capaz de ser instrutora e hoje, graças ao Senac, eu vejo que sou, é muito gratificante”.
O caminho a ser seguido
As histórias da Cleo e da Jocimara se cruzam com tantas outras que entenderam que recomeçar é sempre possível, mas ter uma base para isso é essencial para encontrar a tão almejada felicidade.
“Como instituição sólida, o Senac caminha em sintonia com o que acontece no mercado especialmente na área de comércio, bens e serviços. É uma entidade sem fins lucrativos mantida pelos empresários do comércio e com a venda dos cursos com ênfase na capacitação de equipes e instrutores”, destaque Lúcio Chrestenzen, gerente executivo da unidade do Senac em Foz do Iguaçu.
Na cidade, a instituição atua há 45 anos e ao longo desse tempo acumula formações que transformam gerações. São milhares de Cleos e Jocimaras que tiveram a oportunidade de uma segunda chance através das práticas oferecidas pela entidade. Hoje as duas atuam no Senac e ajudam novas gerações a encontrarem seus próprios caminhos, assim como lá atrás também foram auxiliadas pelos profissionais da instituição.
O gerente executivo destaca a importância do papel daqueles que atuam dentro da entidade. “O instrutor tem um diferencial, ele é o elemento de ligação, um patrimônio, um cartão de visitas, um facilitador entre aluno e mercado, entre o aluno e a futura profissão”.
Lúcio sabe bem da importância dos caminhos oferecidos pelo Senac, já que há mais de 20 anos escreve uma história com a instituição quando fez o primeiro curso, o de redação. Desde então, abraçou as áreas de turismo e gastronomia, se aperfeiçoou e se especializou e como gerente executivo da unidade da fronteira pode dizer: “a minha história se mistura com o Senac, meu desenvolvimento. O Lúcio antes do Senac era uma pessoa sem muita experiência, mas com vontade de juntar teoria e prática da qual o Senac faz muito bem com curso imersivo, vivência, experiência e prática. Com o Senac sempre tive a possibilidade de buscar origem, história e preservar memórias”.
Se você tem vontade a oportunidade não depende da sorte, mas sim dos caminhos que escolhe trilhar. Abraçar as ‘Segundas chances’ que a vida te oferece é entender que o caminho da felicidade está nos altos e baixos das curvas, onde os Sonhos não deixam de ser sonhados.