A união do cooperativismo com quem busca pela qualidade de vida e bem estar das comunidades
Por Mariana Kojunski
Entre linhas, tecidos e agulhas o som da máquina de costura parece ecoar por todos os cantos. Ele é ouvido como a trilha sonora da transformação. A cada peça finalizada a certeza de sorrisos, a cada roupa pronta a sensação de dever cumprido. Na sala, onde é possível sentir transbordar o carinho pelo que se faz, a costura tem nome: “Pontos com amor”.
Pontos com amor
Transformar e manter viva a esperança. Estes são alguns dos pontos praticados pela associação sem fins lucrativos que busca dar um novo destino a tecidos usados. No lugar de um descarte incorreto a recriação de roupas que são destinadas às crianças que vivem em vulnerabilidade social.
“A ideia é sempre fazer roupas ou de resíduos têxteis ou de roupas já usadas que vão ser transformadas, e assim ressignificar os materiais que já temos”, explica Clecy Amadori, atual presidente da Pontos com Amor.
A associação, criada em 2018, tem mais de 100 voluntários espalhados pelo Brasil. O que significa que o som das máquinas que transformam o que era usado em novo, embalada a busca por oportunidades e o caminho em direção a um futuro com a certeza de dias melhores para as mais de seis mil crianças atendidas pelo projeto. As roupinhas, que levam carinho, chegam tanto às comunidades carentes do país, como atravessam o continente, chegando, por exemplo, até a África.
A união de quem transforma
Para que cada ponto de uma peça seja reformulado, é preciso que exista um tecido pronto para isso. Se por um lado existe a associação que busca criar novas roupas, por outro existe quem compartilha da busca pela transformação como é o caso do Sicredi, em Foz do Iguaçu. Na agência os uniformes antigos dos colaboradores se tornavam um problema por não ser possível simplesmente doá-los.
“Por conta da logo no tecido, existe o risco de imagem e segurança. Por isso, ou mantínhamos os uniformes guardados ou eliminávamos de forma segura para não serem usados de forma inadequada”, destaca Marcia Rosane Garbossa, gerente de gestão de pessoas da cooperativa. Mesmo que fosse de forma correta, o descarte das peças ainda não era o melhor caminho já que a cooperativa: “olha com muito carinho para os eixos social, das comunidades onde atua e também para a responsabilidade ambiental”, ressalta Camila Vidotti, assessora de desenvolvimento da cooperativa.
Em meio a busca pela responsabilidade social e sustentável, encontrar uma destinação correta para cada peça de roupa passou a ser essencial. Foi então que os caminhos se encontraram. “Com a parceria da área de desenvolvimento do cooperativismo, que cuida da área de responsabilidade social e sustentabilidade, nós chegamos a Pontos com Amor. Eles fazem a destinação desses uniformes sem a logomarca e atendem as pessoas que precisam”, relembra a gerente da cooperativa.
Mirian Biazuz Michels, uma das voluntárias da associação com mãos criativas explica: ” a gente retira as logos e aproveita todo o tecido que sobra, inclusive as golas e as mangas”.
Cooperativismo consciente
Ter a consciência dos impactos que uma decisão pode causar, não somente para o meio ambiente, mas para a sociedade como um todo, é essencial para garantir uma caminhada onde cada passo seja o alicerce de um crescimento sólido e exemplar. “Nesse projeto a gente vê que existe toda uma responsabilidade na comunidade onde a gente atua, toda uma responsabilidade também com o ambiental e olhando nas gerações futuras”, destaca a assessora de desenvolvimento da cooperativa.
No cooperativismo, a clareza de que se fazer junto faz a diferença reforça a importância da força do coletivo que é capaz de mudar o mundo. A união da cooperativa juntamente com a associação proporciona a oportunidade de um ambiente onde pensar no cuidado com o próximo é a base para um desenvolvimento com a certeza de um futuro transformador.
A Aparecida Fátima Verga de Lima, voluntária apaixonada pela iniciativa fala com carinho “todo o trabalho é contagiante, você não consegue ficar sem fazer, você vê que está fazendo o bem, então é gratificante”. Nessa união de forças, onde os uniformes adaptados oferecem novas oportunidades e o cooperativismo tem o compromisso com a comunidade, o bem comum é atingido.
Cooperar é fazer a diferença
Os uniformes, que tantas histórias já vivenciaram dentro da cooperativa levando, juntamente com o colaborador, o melhor serviço e atendimento ao cooperado, ganham uma nova roupagem e passam a ficar prontos para novas aventuras. As peças são transformadas em vestidos, calcinhas, shorts e camisetas, mas não para por aí: com a união de quem entende que cooperar é fazer a diferença, a associação conseguiu dar um novo passo.
“Começamos a trabalhar com roupa de inverno. Por exemplo, o Sicredi e a Unimed doaram os uniformes de agasalhos, nesse caso fizemos a customização e assim uma nova peça foi criada”, destaca a presidente da associação. O crescimento da iniciativa solidária busca desenvolver cada vez mais a sociedade onde está presente.
“Um outro braço que a gente quer abrir é desenvolver brindes corporativos a partir dos uniformes doados para que assim a própria empresa doadora possa adquirir parte disso, como um brinde corporativo, com a logomarca e com a identidade. Assim a ideia é que com o valor arrecadado a associação possa ter uma fonte de renda para podermos capacitar as pessoas para que elas possam voltar ao mercado de trabalho e ter uma renda”, planeja Clecy.
Desde quando a parceria começou a cooperativa já doou cerca de quatro mil peças que foram ressignificadas em pontos com amor. No trabalho em conjunto de inclusão e intercooperação entre as pessoas, a visão colaborativa resulta na mudança de um todo que impacta vidas e caminha em direção ao futuro onde a cooperação transforma.