Uma ação do Instituto Água e Terra (IAT) reforçou a importância da recuperação da área de restinga no Litoral do Paraná. O ninho com cerca de 30 ovos encontrado durante a substituição da vegetação exótica por plantas nativas na Praia Brava, em Matinhos, deu origem a oito lagartos da espécie Salvator merianae, o popular lagarto Teiú. O grupo regressou à natureza essa semana, solto por biólogos do órgão no Parque Estadual Rio da Onça, em Matinhos. O IAT é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest).
Os ovos foram encontrados pela equipe do Programa de Resgate à Fauna no dia 8 de dezembro de 2022. De acordo com a bióloga Aline Woitowicz, da Arcgeo Engenharia e Meio Ambiente e responsável pelo projeto, após o resgate os ovos foram acondicionados na incubadora de uma clínica veterinária especializada em animais silvestres. No dia 31 de janeiro, cerca de 10 ovos eclodiram, mas somente nove lagartos sobreviveram. Destes, um teve que voltar para a clínica, enquanto os outros oito puderam regressar à natureza.
“Esta é a função do Programa de Resgate da Fauna, salvar o máximo de espécimes durante obras de grande magnitude, como é o caso da recuperação da Orla de Matinhos. Resgatamos os animais, fizemos uma triagem do estado de saúde e, verificado que existe a possibilidade de retorno à vida livre, levamos para os locais de soltura pré-determinados para cada espécie Foi o que aconteceu com esses lagartos”, explicou Aline.
A espécie Salvator merianae é muito comum na América Latina. Segundo o engenheiro florestal Hiago Adamosky Machado, gerente de projetos da empresa Arcgeo Engenharia e Meio Ambiente, ele habita desde o litoral até as montanhas, e é um animal muito resistente. Na natureza, o Teiú tem a importante função ecológica de controle populacional. “Eles são onívoros e, como tal, se alimentam de organismos que são vetores de doenças humanas e pragas agrícolas, auxiliando no controle biológico de organismos que poderiam ameaçar a nossa saúde”, destacou.
Os oito lagartos serão monitorados durante as duas próximas semanas. O acompanhamento serve para avaliar se os animais estão se adaptando bem ao novo ambiente, integrados à natureza do Parque Estadual Rio da Onça.