Cultura retrô e vintage em alta: veja onde encontrar peças que marcaram gerações em PG

Apaixonados por peças retrô e fãs da cultura vintage têm, em Ponta Grossa, algumas opções de espaços onde é possível mergulhar neste universo.

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Foto: Reprodução/Rede Massa

A empreendedora e artesã Silva Riquerme mantém um antiquário charmoso e repleto de objetos na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, Centro da cidade. “Muitas pessoas me ligam por saber que eu trabalho com coisas antigas e me contam que tem um objeto ou outro. Eu restauro essas peças para vender, principalmente coisas pequenas como bancos, baús”, explica.

A especialista em Neuromarketing, Josielly Guimarães, conta que este terreno é fértil para vários setores, mas tem um em especial: a arquitetura. “É tendência o reaproveitamento de móveis retrôs nas decorações. E a que isso remete? A um reforço de tranquilidade, calmaria”, argumenta.

Entre os outros segmentos que movimentam o chamado mercado da nostalgia estão as barbearias com estética rebuscada, oficinas mecânicas especializadas na restauração de veículos clássicos e a coleção de miniaturas. Com mais de três mil miniaturas catalogadas, o colecionador Rosnei Rodrigues é um apaixonado por esse universo. “Hoje meu foco é nos carros antigos, os Opalas. É muito amor envolvido na verdade”, afirmou.

Paixão que virou negócio para o André Luis de Freitas Barbosa Alves. Empresário, ele está à frente de uma oficina em que as estrelas são os veículos que fizeram sucesso há muitos anos. “Meu pai sempre manteve algumas relíquias na família. A partir de 2009 isso virou profissão pra mim”, complementa.

Ponta Grossa tem 200 anos de vida e ainda possui construções do século passado na região central. É em meio a estas construções clássicas, próximo ao Centro de Cultura, que Danrlei Henrique Paz abriu uma barbearia na Rua Doutor Colares. Nela, os uniformes dão o toque retrô.

“A gente aposta bastante nisso. Além de esteticamente ficar mais bonito, transpassa uma sensação de segurança no serviço prestado, quase como uma garantia de um bom trabalho”, concluiu. Aliada aos uniformes, a decoração do ambiente com arabescos estampados no papel parede, reforçam que o velho está na moda.

Última locadora de Ponta Grossa sobrevive à era do streaming

Aproveitar o fim de semana para tomar um sorvete e, antes de voltar para casa, dar aquela passada na locadora para garantir um cineminha em casa. Até parece que voltamos aos anos 2000, mas ainda é 2024.

Em meio à competição desenfreada do streaming, a última locadora de Ponta Grossa resiste na Avenida Carlos Cavalcanti, bairro Uvaranas. Ela é mantida pela Ana Cristina, cinéfila que pode te ajudar naquela dúvida sobre o que assistir e recomendar um bom filme do extenso catálogo. Os clientes variam entre os saudosistas que iam até lá quando ainda eram crianças e os mais jovens, deslumbrados com os anos 2000.

“Tenho clientes que eram crianças quando a locadora foi inaugurada, há 21 anos, e hoje vêm com a família. Tem o pessoal que não troca o gostinho de vir aqui, de pegar um filme, de ler a sinopse. Pode ter toda a tecnologia em casa, mas eles vêm para a locadora””, conta a dona da locadora.

A moda é cíclica e o que hoje é vintage já foi moderno. Há poucos anos, músicas dos anos 80 e 90 eram as que entusiasmavam os jovens. O tempo passou e a última tendência é o chamado Y2K, abreviação em inglês para Anos 2000.

Nesta onda, surgiram novas produções cinematográficas de filmes que marcaram o início do século, como Matrix. Na música, os vinis seguem em alta, mas a Geração Z está cada vez mais de olho nos CDs.

O professor Ivan Bomfim é PhD em Ciências da Comunicação e explica como funciona o mercado da nostalgia: “Isso acontece com programa de TV, vídeos na internet, canais nas redes sociais, por exemplo. A maioria das pessoas que busca este tipo de conteúdo se interessa justamente por tentar reviver alguma coisa. Isso tem muito a ver com nossa dificuldade de entender a própria temporalidade”. 

Alguns saudosistas dos velhos tempos levam a paixão mais a sério. Ao lado do marido Waldermar Santos Silva, a Adriane do Rocio Silva preserva tradições dos anos 90. Não é à toa que eles se intitulam Casal 90 e sempre marcam presença em eventos de flashbacks.

“A gente sempre permaneceu gostando das músicas. Só que teve uma época que parou as baladas, mas aí começou a voltar devagar. Em 2018, a gente resolveu fazer as camisetas (Casal Anos 90) para homenagear nosso casamento, porque a gente casou nos anos 90, foi na década que a gente se conheceu, tinha as primeiras danceterias que a gente frequentava”, conta Adriane.

O velho está na moda

Mas não adianta apenas gostar da cultura vintage e retrô. É preciso carregar ela com a gente e viver a experiência. Para surprir esse interesse crescente em produtos antigos, os brechós investem em achados que marcaram a moda no passado. No Brechó Mirandinha, os consumidores encontram peças exclusivas com mais de 30 anos e ainda conservadas.

“São peças de qualidade que, por mais que tenham de 20 ou 30 anos de uso, tem qualidade. Hoje eu vendo apara pessoas a partir dos 16 anos, é a galera mais jovem que está usando”, conta a empreendedora Jaqueline Miranda.

Paloma Rodriguez também atua nesse ramo e, além de vender, ela também é apaixonada pela cultura vintage. Paloma registra tudo em uma câmera polaroide repaginada, que voltou à moda. Já o celular dela, por mais moderno que seja, tem uma capinha que remete a um modelo antigo.

“É moda, né, mas hoje em dia a gente fala muito de hype, o que está no hype. As pessoas procuram muito roupa vintage, mas quem não tem esta possibilidade, não conhece brechó, acaba comprando a roupa retrô, que é uma roupa atual inspirada na moda vintage”, afirma.

O ramo dos brechós tem crescido cada vez mais. A consultora de imagem e estilo, Milena Cristo, lembra que a moda sempre busca referências em peças antigas e tendências do passado. “A moda é um dos segmentos em que mais as pessoas buscam estas referências antigas, retrôs, porque, naturalmente, muita coisa que já passou foi febre. Por exemplo, muitas coisas dos anos 2000 foram retornando do ano que passou para cá”, diz.

Gosto de saudade

O mercado da nostalgia não está aí só para matar a saudade, mas também a fome. O gostinho de antigamente tem feito empresários investirem na produção de pães caseiros, bolinhos tradicionais e em ambientes aconchegantes.

O casal de empreendedores Carol Liz e Gabriel Lacerda abriram um café onde os alimentos são artesanais e o pão cresce com a fermentação natural.

“A gente faz da forma ancestral, uma forma que a gente trouxe um resgate. O fermento que a gente usa não é o comprado, industrial, mas é um meio nutritivo onde a gente coloca a farinha para as bactérias e leveduras se alimentarem e a água, que é o meio aquoso, que vai dar toda a parte do crescimento, textura, sabor e aroma”, conta Gabriel.

A especialista em marketing, Josiely Guimarães, explica que a busca por esses alimentos está ligada com a nossa memória. Já existe até um termo para a estratégia de negócio que aposta em alimentos artesanais: comida afetiva.

“A gente consegue entender a nostalgia nos restaurantes, onde colocam dentro de um cardápio um tema como feijoada da vovó. Por algum impacto sensorial de cheiro ou sabor, as papilas gustativas vão conectar um sentido e remeter a uma memória de infância. Isso faz com que fidelize as relações, que não se tenha só um consumidor, mas que se tenha um ciente fiel”, diz. E é esse sentimento que leva visitantes do Distrito de Itaiacoca a experimentarem a “Partilha, Comida Com Afeto”.

Foi durante a pandemia que a Aniela Rocha se mudou com a família para a área rural de Ponta Grossa. A busca por um estilo de vida mais tranquilo fez com que eles resgatassem sensações já esquecidas, que acabaram virando um negócio familiar.

A visita à casa precisa ser agendada, já que os turistas são recebidos com um café rural repleto de comidas tradicionais do campo. “Foi a realização de um sonho, não só meu, mas da família também. Aqui é nossa casa, não é um restaurante. É uma experiência de turismo gastronômico rural. É resgatar estes saberes, estes sabores, este jeito de antigamente que a gente busca trabalhar”, conta Aniela.

Não são apenas os produtos que reacendem nossa memória afetiva. O ambiente é importante. Os adeptos da vida boêmia já notaram, em Ponta Grossa, que muitos estabelecimentos apostam na estética rebuscada. Mas, muito antes disso virar moda, a Choperia do Tito preserva a tradição bem no Centro da cidade.

O comércio existe no mesmo local desde 1933 e mantém as características originais, sem previsão de mudar. “Nunca pensamos em mudar, pensamos sempre em manter esta tradição. A única coisa que acontece é que a gente coloca alguma coisa na parede a mais, que é um presente que a gente ganha ou uma lembrança”, afirma Hudson Wiechetck, proprietário da choperia.

Em Palmeira, uma viagem no tempo…

A saudade de como era a vida é uma das motivações para a abertura de negócios no setor de turismo. Museus, públicos ou privados, seguem como atrativos para quem quer viajar no tempo e conhecer o passado.

Pertinho de Ponta Grossa, no município de Palmeira, uma fazenda preserva ambientes antigos e é uma opção de passeio, às margens da PR-151. O Sítio Minguinho é mantido pelo historiador e escritor Arnoldo Monteiro Bach. Foi ele mesmo quem montou o espaço.

“Eu comecei a trazer algumas coisas, por exemplo, um ferro à brasa que minha mãe deixou de usar quando comprou um elétrico. A partir deste ferro, fui trazendo outras coisas e decorando. Muitas pessoas acabam vindo aqui e se entusiasmam com tudo isso e acabam fazendo a doação. Mas também eu tenho que ir atrás, fui atrás de muitas coisas e assim fomos construindo o acervo”, conta.

No sítio, há um espaço que remonta uma sala de aula antiga, inclusive com a famosa palmatória. Do outro lado, os visitantes podem conhecer o memorial dedicado aos Alemães do Volga. O ambiente remonta uma casa dos colonos que chegaram aos Campos Gerais no final do século XIX e, por aqui, influenciaram hábitos e costumes da região.

No Minguinho, ainda é possível conhecer uma antiga Sapataria, Barbearia, Bodega, Ferraria, Tafona, o Barbaquá, entre outros lugares que marcaram o cotidiano do século passado. “A minha proposta é um ponto turístico, é um negócio, porque eu preciso arrecadar para manter e cuidar com amor disso. Eu também fico contente em ver que as pessoas que visitam ficam contentes”, afirma Bach.

As visitas ao Sítio Minguinho precisam ser agendadas por grupos de, pelo menos, 15 pessoas. O agendamento pode ser feito pelo site do local.

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