Os familiares e amigos de Caio José Ferreira de Souza Lemes, de 17 anos, morto com um tiro na cabeça durante uma abordagem da Guarda Municipal em Curitiba, realizaram um protesto neste sábado (8). A manifestação, que aconteceu na Boca Maldita, no Centro da cidade, pedia justiça pela morte do adolescente.
O protesto também teve a presença de familiares de outras vítimas mortas durante abordagens da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Na manifestação, os envolvidos levaram cartazes pedindo justiça:
“Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!”; “Sem justiça, sem paz”; “Para quem ligar quando o assassino é a polícia?” e “Justiça por almas” eram uma das frases escritas nos cartazes.
A irmã de Caio, Ana Eduarda Ferreira, afirmou que a manifestação também é para criar um projeto de lei chamado Caio José:
“É para que as câmeras estejam ligadas em tempo integral durante o horário de trabalho da Polícia Militar e da Guarda Municipal”,
diz a jovem.
GM diz que adolescente não era alvo dos agentes
Caio José foi morto no dia 25 de março, no bairro Campo Comprido, após uma suposta abordagem da GM. Ele estudava no Colégio Estadual Júlia Wanderley e trabalhava como jovem aprendiz em uma empresa de telemarketing.
O depoimento do GM Anderson Bueno, que estava na operação, revelou detalhes de como tudo teria acontecido. O agente afirmou que a equipe estava fazendo uma abordagem corriqueira contra três pessoas, e Caio não estava entre elas. O adolescente teria vindo de um bosque e se deparado com a viatura e, assustado, correu.
Bueno e outro GM, Edmar Junior, correram atrás de Caio, enquanto Edilson Pereira da Silva, o terceiro integrante, entrou dentro da viatura e alcançou Caio antes dos colegas.
Após isso, Edilson teria batido o veículo em uma mureta. Bueno conta que Caio parou de correr e se entregou, colocando a mão na cabeça e deitando no chão. Anderson Bueno ouviu o disparo e ouviu Edison lamentando a situação e se arrependendo do tiro.
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