A Polícia Civil concluiu o inquérito que apura os crimes cometidos por duas mulheres responsáveis por um asilo clandestino em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. Elas foram presas no último dia 14 depois que uma das vítimas fugiu do local.
O relato da polícia aponta para cenas de horror no imóvel que era usado como uma casa de repouso irregular. As duas mulheres, que já se tornaram rés na Justiça, devem responder por omissão de cuidados à saúde, maus-tratos à pessoa idosa, lesão corporal praticada contra mulher, maus-tratos e falsa identidade.
Uma delas, segundo a polícia, já teve pelo menos outros três asilos clandestinos na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) – todos os imóveis foram fechados por irregularidades, conforme informado pela Vigilância Sanitária.
Além disso, a suspeita também responde inquérito em Colombo, na RMC, pela morte de três idosos nas dependências da casa de repouso que ela mantinha. Em pelo menos duas vítimas foram identificadas situações de maus-tratos.
Donas de asilo clandestino denunciadas
Segundo a Polícia Civil, as mulheres decidiram se mudar para Ponta Grossa depois que suas outras casas de repouso foram fechadas. Elas conseguiram um imóvel no bairro de Uvaranas para implantar o ‘negócio’, mas não tomaram nenhuma medida legal necessária, como a obtenção de licença sanitária ou registro junto à Prefeitura.
De acordo com a polícia, a casa tinha dois andares, com escadas, piso liso, sem acessibilidade adequada – sequer havia camas no local. Sete pessoas idosas e outras duas com idades de 52 e 59 anos foram levadas até o imóvel sob o pretexto de serem ‘cuidadas’ pelas mulheres.
A mulher que seria a dona do asilo clandestino contratou a própria irmã para a função de cuidadora, mesmo que ela não tivesse nenhuma experiência no cargo. Ela seria a responsável pelos cuidados de todos os internos, como higiene, limpeza da casa, alimentação e auxílio de saúde.
A polícia confirma que não havia nenhum outro funcionário trabalhando na casa e, por isso, as vítimas eram obrigadas a trabalhar em serviços domésticos. Os idosos não tinham camas para descansar e tinham que dormir em colchões espalhados pelo chão.
Cenas de horror em asilo clandestino no Paraná
Conforme relato da polícia, a alimentação era feita sem qualquer tipo de cuidado nutricional e a quantidade também era insuficiente, o que deixava vários idosos sem comer durante alguns dias.
Os cuidados de saúde também eram negligenciados. “Não existia nenhum suporte específico as vítimas em caso de necessidades, mesmo que urgentes, sendo isso terceirizado aos familiares, os quais estavam em outras cidades”, destaca a polícia.
Além disso, os medicamentos eram guardados em uma sacola, sem qualquer identificação ou cuidado no armazenamento.
Com a administradora da casa de repouso, os policiais encontraram um cartão de uma das vítimas, que era retido para garantir o recebimento do valor que ela cobrava como uma espécie de mensalidade.
Idosos eram vítimas de maus-tratos em asilo clandestino
De acordo com a Polícia Civil, os idosos eram castigados com agressões físicas e verbais, como arranhões, torções de braços, murros, puxões de cabelo e até golpes com chineladas.
Foi isso o que motivou uma das vítimas, uma idosa de 68 anos, tentasse fugir do horror que vivia. O caso só foi descoberto porque vizinhos flagraram a cuidadora agredindo a mulher que tentou escapar e acionaram a polícia.
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De acordo com a polícia, o inquérito também revelou os crimes de tortura “haja vista o emprego da violência e grave ameaça como forma de castigo, causando intenso sofrimento físico e mental as vítimas”
A polícia também revelou que não há a confirmação da responsabilidade dos familiares das vítimas. A investigação aguarda a “resposta de colaboração de pedidos de diligências a outras unidades policiais, o que poderá subsidiar instauração de um novo procedimento policial se constatado a ocorrência do crime de abandono de pessoa idosa”.