Onildo Chaves de Cordova II, dono de um posto de combustíveis, acusado de mandar matar o fiscal Fabrizzio Machado da Silva, em Curitiba, saiu preso do Centro Judiciário da capital, nesta terça-feira (30), após seu advogado abandonar o julgamento. O crime ocorreu no ano de 2017.
O júri popular começou no início da manhã e a defesa do empresário estava a cargo dos escritórios de Cláudio Dalledone e Adriano Bretas. No entanto, o juiz Thiago Flôres Carvalho destituiu Dalledone sob a alegação de que ele defendeu uma testemunha sigilosa. O que, para o magistrado, o impossibilita de representar o outro lado do processo.
Com a decisão, Dalledone e sua equipe deixaram o júri e o julgamento precisou ser adiado. Em resposta, o réu foi multado em R$ 100 mil.
“Eu não tenho dúvidas, a conduta de pura e simplesmente dar as costas aqui, ao juiz, à promotora de Justiça, à assistência, aos servidores, à escolta, aos jurados e à sociedade, se enquadra perfeitamente [no artigo que prevê a aplicação de multa]”, declarou o juiz.
“Então, à vista de tudo isso e dos fundamentos que eu vou alinhar por escrito, estipula-se aqui o valor de R$ 100 mil a ser pago pelo acusado Onildo”, completou.
Dono de posto é preso
O magistrado também destacou que o pedido de prisão do dono do posto de combustíveis foi aceito porque aparentemente a estratégia é postergar o julgamento pelo máximo de tempo possível.
“O Ministério Público pediu que se decrete a prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal, que é aquela hipótese mais corriqueira é quando se tenta fugir da jurisdição e parece que é exatamente o que tem sido feito aqui. Esse fato aconteceu há sete anos”, explicou o juiz Thiago Flôres Carvalho.
Em nota, a defesa técnica de Onildo declarou que “todas as tentativas do exercício da ampla defesa, dentro de um julgamento justo e de paridade de armas, foram feitas, porém isso não foi o suficiente”.
“Não restando outra alternativa, a fim de garantir o direito da ampla defesa e de um julgamento justo, a defesa decidiu usar de sua retirada justificada do plenário de modo a buscar sanear todo e qualquer ato de nulidade e de prejuízo ao bom andamento da justiça”, explicou Bretas.
Fabrizzio Machado executado
A vítima foi assassinada a tiros quando chegava em casa, no bairro Capão da Imbuia, no dia 23 de março de 2017, por volta das 22h. Câmeras de segurança registraram o momento em que o carro de Fabrizzio parou em frente ao portão e foi atingido por outro veículo na parte traseira. O fiscal então desceu para ver o que aconteceu e acabou executado.
Na época, Fabrizzio Machado tinha 34 anos e presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC).
Acusação
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP/PR), o fiscal ajudava uma equipe de jornalistas na produção de uma grande reportagem sobre fraude de combustíveis em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Inclusive, três horas antes de ser assassinado, ele teve o último contato com os repórteres.
A investigação apontou que o dono do posto teria encomendado a morte do fiscal e pago pelo crime pessoalmente.
Em agosto de 2021, dois acusados pelo assassinato foram condenados por homicídio duplamente qualificado, enquanto um terceiro foi absolvido.
Patríck Jurczyszyn Leandro foi sentenciado a 30 anos de prisão por efetuar os disparos contra a vítima, Matheus Willian Guedes foi condenado a 23 anos de prisão por participar do plano de execução do empresário e Jefferson Rocha, acusado de participar do plano de execução, foi absolvido.