Mauro Cid fica em silêncio na CPMI do 8 de Janeiro

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS0 – O tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato como presidente, disse à CPMI do 8 de janeiro ser alvo de ao menos oito investigações criminais.

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Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Cid compareceu para prestar depoimento nesta terça-feira (11) e afirmou, no começo da sessão, que usaria seu direito de ficar em silêncio.

O tenente-coronel Mauro Cid, que foi fardado à CPMI do 8 de janeiro, segue preso por suspeita de fraudar cartões de vacinação da família Bolsonaro e de seus parentes.

Veja algumas das investigações em que Mauro Cid foi envolvido.

  • 1) Plano de golpe

Segundo relatório da Polícia Federal, foi encontrada nos celulares de Mauro Cid uma minuta golpista de um decreto de estado de sítio, além de uma espécie de estudo para a viabilidade para a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições de 2022.

No material, a PF também identificou diálogos explícitos sobre um golpe ou sobre manifestações de apoio aos militares. Em um deles, travado em novembro e dezembro, o coronel Jean Lawand Junior pede diversas vezes para Cid convencer Bolsonaro a ordenar a intervenção das Forças Armadas. A certa altura, Cid se diz na luta.

A defesa de Bolsonaro afirmou em nota que os diálogos encontrados no celular de Cid reforçam que o ex-presidente não participou de articulações golpistas e que o celular do ex-assessor havia se tornado uma “simples caixa de correspondência” para as “mais diversas lamentações”.

  • 2) Cartão de vacina

Mauro Cid está preso desde maio pelas suspeitas em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente. Em depoimento à PF, não respondeu às perguntas, e sua defesa alegou não ter tido acesso a todo o conteúdo da investigação.

Bolsonaro elogiou o militar e disse que à PF que, se Cid cometeu algum crime, teria sido à sua revelia.

  • 3) Joias sauditas

Mauro Cid também é alvo de investigação da PF que apura se Bolsonaro teria atuado para ficar com joias presenteadas pela Arábia Saudita e apreendidas na alfândega do aeroporto de Guarulhos.

Documentos e relatos confirmam que, no final de dezembro de 2022, houve uma mobilização na Presidência na tentativa de liberação do material, incluindo envio de um integrante da ajudância de ordens, chefiada por Cid, ao aeroporto de Guarulhos em busca dos presentes. Cid teria ainda preparado um ofício encaminhado para a Receita solicitando a liberação das joias.

Bolsonaro afirmou ter tido conhecimento sobre as joias apreendidas na Receita 14 meses depois do ocorrido e que, em dezembro de 2022, buscou informações para evitar um suposto vexame diplomático caso os presentes fossem a leilão.

  • 4) Lives sobre urnas e inquérito sobre ataque ao TSE

Cid se tornou alvo de investigações por suposto envolvimento em episódios em que Bolsonaro atuou para descredibilizar as urnas eletrônicas, sendo investigado tanto por organização da live de 29 de julho de 2021 quanto por supostamente ter ajudado em suposto vazamento de inquérito da PF sobre um ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O procurador-geral da República, Augusto Aras, não viu crime na conduta de Bolsonaro ao divulgar a investigação sobre o TSE.

  • 5) Live sobre vacinas

Cid é alvo em inquérito sobre disseminação de notícia falsa por Bolsonaro, relativa à live em que o então presidente relacionou a vacina contra a Covid-19 ao risco de se contrair Aids.

Em relatório final da investigação no final de 2022, a PF indiciou o tenente-coronel por dois delitos, o de atentar contra a paz pública e de incitação à prática de crime. Segundo a PF, Cid sustentou a “impossibilidade de ser criminalizada a ‘liberdade de opinião’ do presidente”.

  • 6) Transações

A PF encontrou no telefone de Cid mensagens que levantaram suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do então presidente, como revelou a Folha de S.Paulo em setembro do ano passado.

Na investigação, a PF apontou que os investigados realizavam depósitos em espécie e de forma fracionada, utilizando em grande parte terminais de autoatendimento e depósitos em dinheiro na conta de Cid.

Em maio deste ano, a defesa de Bolsonaro negou irregularidades e afirmou que a utilização de dinheiro vivo para pagamento de despesas do ex-presidente e da família serviu para bancar custos com pequenos fornecedores.

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