Dados do Green Building Council Brasil (GBC Brasil) apontam que o setor de construção civil é um dos mais empenhados em implantar práticas ESG, colocando o Brasil no quinto lugar do ranking mundial em números de projetos sustentáveis que, entre outras certificações, contam com o aval da Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) – sistema internacional de certificação e orientação ambiental que já fomentou a redução de cerca de 40% de água, 35% das emissões de CO², 30% de energia e 65% dos resíduos de grandes reformas e novas construções.
Aliado à sustentabilidade, a tecnologia é também um pilar fundamental, já dá base às práticas ESG e ajuda a consolidar uma nova forma de morar. Para o CEO da Yogha, Avelino Neto, a sustentabilidade e a tecnologia são pontos que convergem para a mesma questão: melhorar a qualidade de vida das pessoas de forma sustentável. “Essas duas questões estão redefinindo o futuro da construção civil, gerando menos lixo e reduzindo os impactos ambientais e o desperdício, oferecendo à sociedade opções de moradia que vão além da estética”, afirma.
Avelino conta que hoje é praticamente impossível não pensar em ESG, algo que as incorporadoras têm como diretriz ao planejarem seus empreendimentos, um pensamento que se reflete também em todo o mercado de moradia. “Nós temos buscado valorizar os projetos que têm a sustentabilidade como um dos pilares, até porque isso também é um diferencial relevante no mercado, já que as pessoas estão desenvolvendo cada vez mais esse olhar crítico sobre suas próprias vidas. Morar num condomínio que tenha energia solar, luz natural, reuso da água e que se preocupe com o meio ambiente é o sonho da maioria das pessoas, principalmente por ser algo que também gera menos custos no final do mês”, conta o CEO.
No sentido de fomentar ainda mais o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis, Avelino lembra dos investidores, que cada vez mais buscam valorizar os condomínios que respeitem as práticas sustentáveis. “Investidores de ativos imobiliários são um verdadeiro motor para o crescimento das práticas ESG, uma vez que são pessoas antenadas com as principais inovações no setor. Temos visto uma migração muito rápida e orgânica desse público, que hoje investe fortemente no modelo Built-to-Rend (construir para alugar) e em projetos sustentáveis. É o caso do empreendimento Oxygen, da O3 Incorporadora, que foi totalmente projetado seguindo uma arquitetura biofílica e de sustentabilidade e que mesmo com previsão de lançamento apenas para 2025, já conta com 65% dos apartamentos vendidos, sendo a grande maioria para investidores que pretendem alugar”, conta Avelino.
Moradias flexíveis e tecnologia
Muito ligada a esse movimento, a tendência das moradias flexíveis também favorece a inserção da sustentabilidade como um estilo de vida. É o que aponta um levantamento realizado em 2020 pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) que aponta que 70% dos entrevistados não têm preferência por um imóvel fixo, 82% dos jovens brasileiros (entre 16 e 24 anos) preferem experimentar a moradia flexível contra apenas 26% que pensam em financiar a casa própria.
O mercado das moradias flexíveis vem puxado pelo crescimento do mercado Built-to-Rent, que hoje é um dos mercados que mais investem em empreendimentos sustentáveis e construções, já que conta com investidores de peso. “O mercado de BTR cresce exponencialmente no mundo todo, representando 80% do segmento de aluguel no setor imobiliário americano e por aqui já é possível perceber uma forte demanda também, pois temos uma mudança no comportamento das novas gerações, que são muito ligadas à cultura do compartilhamento e que não enxergam tanto a necessidade de comprar um imóvel”, conta Avelino.
O crescimento das moradias flexíveis traz uma nova forma de morar, muito mais sustentável e tecnológica. “Hoje as pessoas já não estão tão ligadas em “ter”, elas buscam “usar”, enxergando a moradia como serviço e não necessariamente um bem. Esse é também um movimento sustentável, já que favorece o compartilhamento de imóveis prontos para uso e áreas compartilhadas que possibilitam o uso coletivo de lavanderias, bicicletas, espaço gourmet e kids, entre outros. A tecnologia também está muito presente, já que agiliza processos de contratação e a própria gestão dos apartamentos e condomínios, que podem ser feitas de forma 100% digital”, finaliza.