Cannabis: diferença entre uso recreativo e uso medicinal

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mais de 100 mil pacientes fazem uso, sob prescrição médica, de produtos importados à base de cannabis no Brasil. Esses dados mostram um aumento de 15 vezes nos pacientes que usam o extrato da cannabis como tratamento para as mais diversas patologias. Porém, apesar do aumento na procura de tratamentos a base de cannabis, ainda existe muito preconceito e desinformação, principalmente com relação ao uso adulto (ou recreativo) versus o uso terapêutico.  


Segundo a médica da Clínica Gravital Curitiba – especializada em tratamentos com cannabis -, Amanda Medeiros Dias, as principais diferenças estão na forma de consumo e nos produtos. “O uso recreativo é realizado por meio do fumo, vaporização e alimentação e está mais relacionado ao efeito psicotrópico que a planta oferece, uma vez que a concentração de THC não é controlada, já que o produto que se tem acesso geralmente é de origem desconhecida. Já o uso medicinal é feito por meio de uma análise médica e com produtos onde há o controle das dosagens de THC, CBD e outras substâncias que existem na planta, com objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, explica.

Amanda reforça que o grande inimigo da cannabis é o preconceito e a falta de informação sobre os benefícios da planta e de seus componentes. “O THC é a substância que “dá barato”, mas isso só vai acontecer quando há uma grande concentração dessa substância. No uso medicinal, o THC não é utilizado com esse objetivo e conta com benefícios significativos, pois tem a capacidade de oferecer relaxamento, aumento de apetite, alívio de dores, etc. Já o CBD, muitos acreditam se tratar de um fitocanabinoide atrelado apenas ao uso terapêutico, quando na verdade ele também está presente quando é feito o uso recreativo, assim como outras substâncias”, conta Amanda. 

O uso terapêutico deve ser considerado independentemente da sua forma de uso, tendo uma relação com a busca do bem-estar do indivíduo, porém, o manejo voltado à saúde prevê as formulações que são legalmente permitidas e aprovadas pela Anvisa, contando com acompanhamento médico e posologias adequadas às necessidades de cada paciente. “A cannabis medicinal prioriza a seleção de matéria-prima orgânica, sem agrotóxicos e que conta com um processo de produção controlado. Dessa forma, sabemos a procedência do produto, a forma de cultivo e as dosagens de substâncias que cada produto tem”, conta a médica. 

A qualidade dos produtos à base de cannabis é um diferencial que merece atenção, sendo que a produção dos óleos medicinais devem contar com níveis de tecnologia avançados que permitam uma produção segura e de alta qualidade. “É necessário entendermos que os produtos criados para uso terapêutico contam com uma série de procedimentos que visam garantir a qualidade de vida dos pacientes. São produtos naturais, que contam com processos de testagens seguros e que oferecem uma solução economicamente mais viável e mais saudável do que produtos sintéticos. Estamos cada vez mais seguros e embasados sobre os benefícios da cannabis, assim como sobre os limites entre o uso recreativo e o uso medicinal”, reforça Amanda.  

Benefícios da cannabis medicinal 

São inúmeros estudos que garantem os benefícios do uso da cannabis medicinal em patologias como esclerose, Alzheimer, dor crônica, ansiedade, câncer, autismo, epilepsia, entre outras doenças, sendo que o êxito do uso da planta de dá principalmente pela forma como o nosso organismo recebe os canabinoides. “Não se trata de um milagre da medicina e sim de muitos estudos que mostram que o corpo humano possui um sistema organizado com receptores, sinalizadores e cadeias de canabinoides próprios que atuam no sistema endocanabinoide, que por sua vez tem a capacidade de potencializar os fitocanabinoides da planta’, completa a médica. 

Conheça mais detalhes sobre os benefícios da cannabis medicinal em alguns tipos de tratamento:

Esclerose múltipla – O THC e o CBD atuam em regiões que controlam a dor e os movimentos, podendo inibir a transmissão de impulsos que causam espasmos, a rigidez muscular, entre outros. 

Dor crônica – Nosso cérebro e nervos periféricos possuem receptores para os canabinoides. Quando eles se ligam às moléculas de CBD, podem reduzir consideravelmente os sinais da dor. 

Epilepsia – O tratamento diminui a super ativação de circuitos nervosos, responsáveis pelas convulsões. Pode beneficiar sobretudo crianças e adolescentes.

Inflamações – O THC e o canabidiol possuem efeito anti-inflamatório, podendo  tratar doenças como artrite reumatoide e distúrbios inflamatórios do trato gastrointestinal.

Espectro autista – O canabidiol tem interação natural com os neurotransmissores do corpo humano, ou seja, quando ligados a eles, ajudam a equilibrar a função dos neurotransmissores. Dessa forma, é possível uma melhora no controle de características como a inquietação excessiva.

Outras condições – As náuseas provocadas pela quimioterapia e o glaucoma podem ser tratados com os canabinoides. A ansiedade também pode ser tratada com o canabidiol e o THC.

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