Cerveja artesanal sem álcool ganha cada vez mais espaço no mercado

Ingredientes selecionados para atender a um paladar exigente, processo de fabricação mais lento e cuidadoso, geralmente em escala reduzida em comparação à industrial, e com uma apresentação de envase e rótulo diferenciados, que atraem pelo design e informações detalhadas do conteúdo da garrafa. Essas são algumas das diferenças quando o assunto é a produção das cervejas artesanais. O nicho, que é movido a novidades em estilos, combinações e sabores, segue o embalo do aumento do consumo das cervejas sem álcool das grandes indústrias e expande também a exploração deste terreno.

Foto: Reprodução

Segundo um levantamento solicitado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) e feito pela Euromonitor, o consumo de cervejas sem álcool no Brasil em 2021 foi de 257 milhões de litros – um aumento de 30% em relação a 2020, quando o patamar de consumo foi de 197,8 milhões de litros desta cerveja. O dado do segmento industrial reflete também um cenário que tem se desenhado no mercado cervejeiro artesanal: a busca por este tipo de bebida tem crescido entre os consumidores. No Vale do Itajaí, a Das Bier é a única cervejaria da região a produzir a artesanal sem álcool e, desde que começou a fabricação da bebida, em 2020, a cervejaria já dobrou a produção da Australian Pale Ale sem álcool. 

“Foram muitos testes e experimentos até chegar no resultado esperado. No último lote atingimos o grau de 0,1% de álcool, o que é fantástico”, diz Larissa Schmitt, diretora da Das Bier. Para ser considerada não alcoólica, a cerveja deve ter até 0,5% de teor alcoólico, segundo uma instrução normativa nacional (regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa).

Entre os motivos que podem estar levando ao crescimento da procura por cervejas sem álcool, Larissa considera a mudança de postura do consumidor, que vem buscando um estilo de vida mais saudável e com a ingestão de alimentos que agreguem benefícios ao corpo. “A cerveja sem álcool é bastante comparada aos isotônicos, por exemplo”, lembra. Outro fator é a socialização. “Depois da reclusão social que o mundo viveu, as pessoas querem sair, ter o contato com os amigos, familiares, fazer o famoso happy hour. Há essa necessidade de interação social – e a cerveja sem álcool se apresenta como uma alternativa inclusiva àquelas pessoas que não bebem ou que não podem beber por algum motivo. A própria lei seca tem reforçado o consumo de bebidas não alcoólicas e, assim, quem gosta de cerveja consegue se satisfazer de forma segura”, afirma. A qualidade também é outro fator que faz com que as cervejas sem álcool ganhem notoriedade. A tecnologia de produção e o barateamento dos custos, tornando a produção deste tipo de cerveja mais acessível, tem permitido sabores, texturas e aromas próximos aos das cervejas comuns.  

Estilos diferenciados – e premiados   

Em escala industrial, a pilsen sem álcool domina o mercado. Com uma trajetória de 15 anos e uma expertise claramente impressa nos seus produtos, a Das Bier mais uma vez inovou e investiu na elaboração de uma cerveja sem álcool que fugisse do convencional. “A Australian Pale Ale é uma cerveja premiada no Festival Brasileiro de Cervejas e vemos nela a referência para trazer uma sem álcool diferenciada. Como a maior queixa dos consumidores quanto às sem álcool das marcas convencionais é quanto ao sabor acentuado de mosto, queríamos uma alternativa com sabor e aroma bem evidentes de lúpulo”, explica Eduardo Rausch, mestre cervejeiro da Das Bier, lembrando que na produção de qualquer tipo de cerveja, o álcool é fruto de um processo de fermentação dos ingredientes – e que nas sem álcool é interrompido. 

A Australian Pale Ale sem álcool faz parte do portfólio da cervejaria. Mas um outro estilo, que começou como colaborativo, tem sido produzido em épocas específicas, principalmente no inverno: é a Kaffe Bier sem Álcool, que este ano recebeu medalha de ouro no Festival Brasileiro de Cervejas. “Estamos relançando esse estilo por vários motivos: por conta da premiação, por estarmos no inverno – e este é um estilo que casa muito bem com essa época do ano – e também pela curiosidade que despertou no consumidor. Juntar cerveja e café em uma mesma bebida, com o diferencial de não ser alcoólica, gera um desejo de ser provada”, comenta Larissa.

Em ambas as produções, o mestre cervejeiro da Das Bier destaca: o segredo está no equilíbrio. “São processos que exigem cuidado, acompanhamento e técnicas de execução que não coloquem o trabalho a perder. Na Australian Pale Ale, por exemplo, o que dita a regra é a harmonia entre o amargor e sabor de lúpulo; já na Kaffe Bier, o momento certo da infusão do café durante a maturação é essencial para a produção não resultar em um sabor indesejado”, esclarece.

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