Segundo um levantamento feito pelo núcleo de inteligência da Folha, com dados do Ministério da Saúde, o número de mulheres que deram à luz entre 35 e os 39 anos aumentou 71% nos últimos anos no Brasil. Já entre mulheres que tiveram filhos entre 40 e 44 anos, o crescimento foi de 50%.
“Uma série de fatores levam a esse aumento: as mulheres hoje estão priorizando suas vidas profissionais, o que leva o adiamento do sonho da maternidade. Além disso, muitas acabam encontrando seus parceiros mais tarde, também pelo estilo de vida mais voltado ao trabalho”, explica o ginecologista e obstetra, especialista em fertilização e diretor-técnico da Fertway, Francisco Furtado Filho.
O Ministério da Saúde classifica mulheres acima dos 35 anos como gestantes de risco por serem mais vulneráveis a algumas complicações, como hipertensão, alterações cardiovasculares, diabetes gestacional, alterações metabólicas, parto prematuro e aborto. “Cada caso é individual e é preciso analisar a saúde da mulher como um todo: mulheres que praticam exercícios físicos, mantêm uma alimentação de qualidade e hábitos de vida saudáveis, como não fumar e manter o peso, já saem a frente das demais”, diz.
O especialista alerta para os mitos e verdades em torno da fertilidade:
1- Após os 35 anos, a quantidade de óvulos diminui. Verdade.
Além da quantidade, perde-se também qualidade. Recomenda-se que mulheres até os 35 anos que ainda não tenham filhos ou não pensam na maternidade como opção, podem congelar os óvulos para usar posteriormente, quando e se surgir a vontade de ser mãe.
2- Homens podem ser pais em qualquer idade. Mito.
Assim como as mulheres, os homens também perdem qualidade e quantidade de espermatozoides. O ideal também é fazer uma reserva para uso futuro.
3- Mulheres com ovário policístico (SOP) e endometriose não podem engravidar. Mito.
É possível engravidar tanto por processos de fertilização como de forma natural. Por isso, é importante consultar um médico especialista para indicar o melhor tratamento.
4- Uso contínuo de anticoncepcional faz com que a mulher tenha dificuldade de engravidar. Mito.
O anticoncepcional é apenas um método contraceptivo temporário. Uma vez que interrompido o uso, é possível que se engravide em um mês ou anos, a depender da condição da mulher. Por isso, é importante consultar um médico e ter os exames sempre em dia.
5- Cigarro, álcool e drogas são prejudiciais à fertilidade. Verdade.
Os homens podem produzir espermatozoides com morfologia alterada e com dificuldade de locomoção. No caso da mulher, o uso excessivo dessas substâncias altera a qualidade dos óvulos, além de ocasionar a menopausa precoce. Além disso, nos homens, causa impotência sexual.
6- Estresse e obesidade afetam na fertilidade. Verdade.
É comprovado que obesidade ocasiona disfunções hormonais que, consequentemente, prejudicam o ciclo menstrual e a ovulação. Além disso, no caso de indução da ovulação para ciclos de reprodução assistida, o excesso de peso diminui a resposta ovariana às medicações, levando a uma menor quantidade de óvulos. No caso do estresse, ele pode causar alterações no ciclo menstrual.
7- Após os 35 anos, há risco de uma gestação ocasionar em crianças deficientes. Depende.
A qualidade dos óvulos e do espermatozoide diminui. Porém, hoje temos exames genéticos que podem indicar uma pré-disposição a anormalidades, por exemplo. Converse com seu médico e use a tecnologia a seu favor.
8- Fatores externos, como agrotóxicos, não afetam a fertilidade. Mito.
O uso contínuo de alimentos com agrotóxicos pode causar, além de infertilidade, abortos, impotência, câncer e malformações fetais.