Roupinhas protegem os pets nos dias mais frios?

O frio chegou mais cedo neste ano e derrubou as temperaturas a nível recorde. É hora de tirar do armário aquele casaco esquecido e revirar as gavetas atrás das luvas, touca, cachecol… E os pets, será que precisam de proteção extra? Segundo a médica-veterinária e coordenadora de Pronto-Socorro do Veros Hospital Veterinário, Fernanda Pereira Risoli, a resposta é sim, mas fatores como pelagem, porte e idade do animal devem ser levados em conta.

Foto: Pixabay

“Um pinscher, por exemplo, tem aquele pelo curtinho e pouca massa muscular, o que faz com que ele sinta mais frio que um akita ou um husky siberiano, que têm pelagem muito mais longa e são originários de regiões de baixas temperaturas”. Existem os casos inversos, ou seja, cães de grande porte e pelagem curta, como um rottweiler, ou de pequeno porte com pelagem longa, mas que costumam ser tosados bem rente à pele, como o shih-tzu. “Para eles, pode ser indicada a proteção extra também”, explica.   

No caso da faixa etária, observa Fernanda, filhotes e idosos são outros candidatos a usar roupa no inverno, pois seus pelos são mais curtos e finos, e eles têm massa muscular e camada de gordura menores do que os adultos. São pacientes que podem ser, por algum motivo, imunodeprimidos, ficando mais suscetíveis às “doenças de inverno” e sentindo mais frio.

Considerando todas estas variáveis, o tutor deve ficar atento aos sinais pelos quais os pets demonstram a sensação de frio. Quando eles começam a se encostar nos humanos com mais frequência, procuram por fonte de calor, estão com a ponta das orelhas e as almofadinhas das patas geladas ou apresentam tremores, está na hora de pensar numa roupinha.

Como escolher?

Entre tantas opções disponíveis no mercado, pode ser difícil escolher a mais adequada. Na dúvida, a regra de ouro é conforto. Para começar, é preciso conhecer as medidas do animal. Roupas apertadas são altamente desaconselháveis e estão entre os principais motivos da rejeição por parte dos pets.

Se não for possível levá-lo junto para experimentar a roupa, uma dica é medir o pescoço e a cintura com um barbante, deixando dois dedos de folga. Outra é dar preferência a modelos que possam ser vestidos sem ter que passar pela cabeça e com fecho nas costas.

Fernanda recomenda evitar o excesso de enfeites. “Menos é mais. Roupas com peças de metal, colar e outros penduricalhos podem ser até perigosas, porque o animal pode se enroscar em cercas e grades”. No caso de um acidente deste tipo, a roupa deve ser fácil de retirar pelo tutor, e melhor ainda se o fecho for de velcro, que ajuda o animal a se soltar sozinho.

Outro ponto que requer atenção são as costuras internas, que dependendo da posição e da espessura, podem gerar incômodo quando o animal se deita e até causar machucados.

Cuidados

Salvo se o animal já tiver histórico conhecido de alergia a algum material, não há contraindicações em relação ao tecido da roupinha. Ainda assim, é importante observar o comportamento do pet para identificar uma eventual reação, que ele vai demonstrar tentando tirar a roupa ou se coçando.

Quando isso ocorre, a primeira atitude é despir o animal e, em seguida, levá-lo ao veterinário. Em alguns casos, a causa da alergia pode nem estar no tipo de tecido, e sim no produto utilizado na lavagem. O ideal é sempre lavar a roupinha com sabão neutro ou hipoalergênico, e nunca usar amaciante. O mesmo vale para a roupa de cama, cobertores e almofadas.

Mesmo que o frio não dê trégua, Fernanda chama a atenção para a importância de retirar a roupa e escovar o pet pelo menos uma vez por semana. No caso daqueles com pelos mais longos e finos, a frequência deve ser maior, podendo até ser diária. Ao escovar o animal, o tutor deve se atentar às “caspas” (seborreia), que indicam abafamento da pele, ou até mesmo vermelhidão e feridas. 

Nós nos pelos também servem de alerta: “O pelo fica entre a pele e a roupa, e na movimentação vai embolando. Se não for feita a escovação, vira um nó que tende a ferir a pele por causa do atrito”. Também é fundamental manter o controle parasitário do pet em dia, pois a roupa pode mascarar a aparição de pulgas e carrapatos.

Respeitado o intervalo para escovação, não há problema em deixar o pet vestido no restante do dia. Mas caso ele tenha o hábito de tomar sol ou sair para um passeio, a recomendação é aproveitar este momento para deixá-lo livre da proteção extra e evitar o aumento da temperatura corporal.

E se ele não quiser?

Alguns cães resistem a vestir a roupa mesmo sentindo frio. Para eles, Fernanda sugere uma técnica de adaptação que consiste em começar com uma roupa cirúrgica, a mesma usada para preservar os pontos no pós-operatório. Embora bem justo, este modelo é mais leve, confortável e fácil de colocar e retirar.

Com o tempo, alguns animais se acostumam e podem “progredir” para as roupinhas convencionais. Se isso não acontecer, mantenha a roupa cirúrgica, já que ela protege contra o frio do mesmo jeito. Uma outra forma de aquecer o pet avesso à roupa é o uso de acessórios como um cachecol, que ao menos aquece a região do pescoço.

Se nada disso funcionar, a ordem é não insistir. Cabe aos tutores manter o ambiente mais aquecido, espalhar cobertas, camas e casinhas bem quentinhas pela casa e diminuir o tempo em que o pet fica na área externa, especialmente no início da manhã e à noite, que costumam ser os períodos mais frios do dia.

Na dúvida, consulte sempre o médico-veterinário. Ele é o melhor profissional para avaliar a necessidade, as indicações e os cuidados para cada raça e até mesmo se a “personalidade” do seu pet combina com a roupinha.

Outros animais

Todas estas dicas se aplicam aos cães, normalmente menos resistentes à vestimenta. Gatos valorizam a agilidade e liberdade de movimento, e por serem animais sensoriais, o equilíbrio conta muito para eles. Quem já tentou vestir um gato provavelmente notou que sua primeira reação é ficar paralisado, cair de lado ou mostrar dificuldade para andar.

No caso de outros animais que vêm crescendo em popularidade como pets, os sinais do frio variam de espécie para espécie. “Aves ficam com penas eriçadas, podem apresentar tremores, ficar sem cantar e reduzir o consumo de alimentos”, destaca a médica-veterinária especializada em animais silvestres e exóticos, Nathalia Diez Murollo.

Ela continua: “Répteis, como jabutis e tigres d’água, podem ficar mais letárgicos, comer menos e entrar em fase de hibernação. O mesmo acontece com roedores como o hamster, que entram em um estado dormente que afeta a saúde e até acabam descartados pelos tutores por achar que estão mortos”.

Nathalia alerta que na época mais fria do ano, a atenção dos tutores precisa ser redobrada, pois é justamente quando algumas espécies entram na fase de troca de pelo ou pena e, portanto, ficam mais vulneráveis a enfermidades. “Sem o devido cuidado, animais silvestres podem acabar adoecendo, principalmente com quadros respiratórios e mesmo correndo risco de vida”.

Em caso de dúvida sobre o melhor cuidado para aquecer seu pet, busque sempre um médico-veterinário especializado.

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