Mulheres que derrotaram o câncer dão o recado: “Não é sentença de morte”

O câncer de mama afeta anualmente mais de dois milhões de pacientes em todo o mundo. Segundo estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que para cada ano do triênio 2020 a 2022, no Brasil sejam diagnosticados 66.280 novos casos de câncer de mama, ou 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.


No Paraná, o Hospital Erasto Gaertner é referência no cuidado e no tratamento do câncer de mama. Mensalmente, centenas de mulheres realizam procedimentos com a esperança de recuperação e da cura da doença. Entre tantas vidas que já passaram pelo tratamento, a equipe do Massa News conversou com duas mulheres, a Ana Ferreira e a Maria Aparecida Gomes, duas pacientes que realizaram os procedimentos do combate à doença e hoje dividem suas histórias de vida com o nosso leitor.

Ana Ferreira (Ana Simplifica)

Reprodução

Ana Ferreira é conhecida nas redes sociais como a Ana Simplifica, uma nutricionista e professora de educação física que descobriu o câncer ocasionalmente, ao se virar na cama e sentir a presença de um nódulo na mama direita. Por conta do histórico do câncer de mama em sua família, a influenciadora sentiu que deveria procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) e lá foi diagnosticada com câncer de mama, aos 31 anos.

O nódulo tinha cerca de um centímetro, mas por conta do diagnóstico, os médicos optaram por retirar as duas mamas. Receber a notícia não foi fácil, afinal sua mãe aos 41 anos foi diagnosticada com a mesma doença e morreu sem a tão esperada cura.

 “Quanto ouvi do médico que estava com a mesma doença que levou a mãe, precocemente, foi um susto”

O que deu esperança a ela foi a conversa que teve com seu médico, que dizia que o tratamento tinha solução, isso a fez ficar mais tranquila, com a cabeça erguida e realizar todos os tratamentos prescritos pela equipe médica.

Durante o tratamento, precisou operar logo no início da pandemia, em abril de 2020. Foi necessário a retirada da mama por completo, sem ser possível realizar a reconstrução, pois na época as cirurgias estéticas não estavam sendo realizadas no Brasil.

“Foi o momento que eu senti vontade de desistir do tratamento, pensei que não valia a pena”

Graças à rede de apoio e de incentivo, que inclui muitas pacientes oncológicas, Ana acabou aceitando melhor a ideia e hoje já está com as mamas reconstruídas.

Ela também se destaca nas redes sociais. No Instagram ela é uma influencer com mais de 6.300 seguidores que sentiu a necessidade de simplificar a linguagem médica para os pacientes de câncer. A ideia nasceu como forma de informar os amigos e familiares. Por conta da procura por informações, médicos e pacientes começaram a tirar dúvidas sobre o tratamento da doença. “De repente se tornou esse canal de informação confiável”, enfatizou. Hoje o perfil fala sobre cirurgia, quimioterapia e prevenção.

“No dia que o médico me diagnosticou, eu já me senti curada”

Durante o tratamento, a paciente passou por várias etapas. O diagnóstico veio em maio de 2019, seguido da primeira cirurgia que retirou o tumor e preservou a mama. Em seguida, Ana fez o congelamento de óvulos porque a quimioterapia pode ocasionar a infertilidade, e ser mãe é um de seus maiores sonhos. Foram 16 sessões de quimioterapia e a retirada da mama por completo. Hoje está na etapa de reconstrução das mamas, mas ainda há duas cirurgias estéticas pela frente.

Como uma boa simplificadora de informações, Ana não poderia deixar de passar algumas dicas de cuidado para mulheres que ainda não tem o câncer e para as pacientes que foram diagnosticadas

Alimentação saudável e balanceada, praticar atividades físicas regularmente, não fumar e não consumir bebidas alcoólicas em excesso são algumas das dicas básicas. “Tudo isso ajuda na prevenção do aparecimento do câncer de mama. Pratique o autocuidado, se conheça, olhe no espelho, ninguém melhor do que a gente mesmo para observar qualquer mudança que aconteça com o nosso corpo”, comenta. “Mulheres acima de 40 ou 50 anos, façam a mamografia anualmente, os exames de rotina, consultem seu ginecologista e por fim façam o que está ao seu alcance como o exame preventivo de colo de útero”, acrescenta.

Para as pacientes que já foram diagnosticadas ou que acabaram de receber o diagnóstico positivo, “Não é fácil, existe muita vida pós diagnostica. Hoje em dia não é uma sentença de morte. Hoje em dia a gente consegue levar uma vida relativamente normal” finaliza.

Maria Aparecida Gomes

Maria descobriu o câncer em um exame de rotina. Ela realizava a mamografia todos os anos, mas notou que algo estava errado em seu corpo. Logo, foi diagnosticada na mama direita.

Antes de descobrir a doença, ela mantinha uma alimentação saudável, porém não praticava exercícios físicos. Com o resultado positivo para o câncer, ao contrário de muitas pacientes, Maria não entrou em pânico com a notícia. “Acho que a minha família ficou mais desesperada que eu. Eu tive certeza que iria fazer o tratamento e que tudo iria dar certo. Tive muita fé” completou, emocionada.

Apesar de ter sido forte quando descobriu a doença, ela teve medo quando começou a quimioterapia. Depois da primeira sessão, Maria passou mal durante uma semana. Naquele momento, achou que não conseguiria completar as sessões. Mas, nas outras sessões, conseguiu controlar melhor seu corpo e sua alimentação. 

Com 15 dias de tratamento, decidiu raspar o cabelo. “Eu consegui aceitar muito bem até a perda do cabelo, que pra muita gente é bem difícil” destacou. Ela aceitou as fases do tratamento que por vezes foi dolorido e difícil, graças ao apoio do Hospital Erasto Gaertner que foi essencial para que a paciente pudesse avançar no tratamento, recebendo carinho e respeito.

 “Eu estava doente, mas eu ia me curar; eles passam isso pra gente, que a gente tem que acreditar, tem que ter fé e que não depende só de mim”

A cura do câncer de Maria veio em 2015, ano em que começou a fazer a cirurgia para a reconstrução da mama, além de retirar os ovários por conta da mutação genética. “Foi maravilhoso, foi muito bom saber que eu estava curada e estava livre da doença” destacou. Hoje com as mamas reconstruídas, Maria olha no espelho e nem consegue lembrar que teve a doença. Apesar da cura, a paciente segue com o tratamento e com os exames de rotina.

Para as mulheres, Maria deixa sua mensagem final, para que se cuidem, façam o exame e qualquer sinal diferente que você notar, vá atrás pois quanto mais cedo for diagnosticado, mais chance de cura você tem. Pois, “O câncer não é determinação de morte, e sim de vida”, finalizou.

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Texto de Vinícius Silvestrini, com supervisão de Gabriel Sartini.

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