Pandemia do coronavírus causa retrocesso no combate à tuberculose no Brasil

A tuberculose, apesar de antiga, não é coisa do passado. Descoberta há 140 anos, com vacina disponível no Brasil e tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a doença ainda é um grave problema de saúde pública e teve seu quadro agravado durante a pandemia do coronavírus.

Foto: Divulgação

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a covid-19 causou um retrocesso no combate à tuberculose, acentuando a subnotificação, dificultando a oferta de serviços de saúde e de recursos para o tratamento da doença e prejudicando o diagnóstico.

O número de pacientes diagnosticados e de casos notificados no mundo caiu de 7,1 milhões em 2019 para 5,8 milhões em 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa é que, atualmente, cerca de 4,1 milhões de pessoas sejam vítimas da enfermidade, mas não tenham sido corretamente diagnosticadas. O número é bem superior aos 2,9 milhões de subnotificações estimadas em 2019.

Os dados não deixam dúvidas de que é preciso falar sobre a doença. O Brasil tem, inclusive, uma Semana Nacional de Mobilização e Luta contra a Tuberculose, que vai de 24 a 31 de março.

Números no Brasil

Em 2020, o país registrou 66.819 novos casos da doença, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Os dados são do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

A mestre em Microbiologia, Parasitologia e Patologia, Jannaína Ferreira de Melo Vasco, entende que o acesso à informação e aos exames é fundamental para reduzir o número de mortes por tuberculose no Brasil.

“Todas as pessoas que seguem o tratamento corretamente, sem desistir no meio do caminho, ficam curadas da doença. Hoje, o Brasil está entre os 30 países de alta carga para a tuberculose, sendo considerado prioritário para o controle da enfermidade”, comenta a especialista, que é a primeira secretária do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná – 6ª Região (CRBM6).

O caminho da cura

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida por “bacilo de Koch”. A doença afeta prioritariamente os pulmões e embora tenha sido identificada em 1882 pelo médico alemão Robert Koch – que abriu o caminho para o diagnóstico e a cura –, a tuberculose ainda é a segunda causa de infecção mais mortal do mundo, perdendo apenas para a covid-19.

O tratamento contra a doença é gratuito no Brasil e dura cerca de seis meses, mas segundo Jannaína Vasco, um dos principais entraves é a desistência dos pacientes, já que o tratamento é longo se comparado a outras enfermidades.

“A pessoa com tuberculose precisa ser bem orientada sobre a duração e o esquema do tratamento, incluindo as possíveis consequências do uso irregular dos medicamentos. Isso porque, já nas primeiras semanas, o paciente se sente melhor e é comum que deixe de tomar a medicação”, comenta a especialista.

Ela alerta que a irregularidade no tratamento pode complicar a saúde do paciente e levar ao desenvolvimento de tuberculose resistente. “A boa notícia é que a tuberculose tem cura quando o tratamento é feito da maneira correta, de acordo com as recomendações do médico”, completa a especialista.

Como a doença é transmitida?

A tuberculose é uma doença de transmissão aérea e pode ocorrer durante a fala, espirro ou tosse de pessoas contaminadas, que lançam no ar partículas em forma de aerossóis contendo bacilos. De acordo com o Ministério da Saúde, um indivíduo com baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

A tuberculose não é transmitida por objetos compartilhados, como talheres, copos, entre outros. Em geral, após 15 dias de tratamento, o infectado deixa de transmitir a doença, mas o ideal é que as medidas de controle sejam implantadas até que haja a negativação da baciloscopia. A recomendação é cobrir a boca com o braço ou um lenço ao tossir e manter o ambiente bem ventilado.

Atenção aos sintomas

Tosse por mais de duas semanas, febre, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço, dor no peito e escarro com sangue em casos mais graves.

O que fazer se apresentar sintomas?

É fundamental procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação médica e realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível. É fundamental seguir o tratamento até o final para evitar complicações da doença.

Como a tuberculose é diagnosticada?

O diagnóstico da tuberculose é feito por meio de exames bacteriológicos (baciloscopia, teste rápido molecular para tuberculose e cultura para micobactéria), além de exame de imagem complementar (radiografia de tórax).

A biomedicina tem atuação importante nos diagnósticos. Os exames bacteriológicos como a baciloscopia direta é a técnica mais utilizada no Brasil. Quando executada corretamente e por profissionais como biomédicos, detecta de 60% a 80% dos casos com resultados em até 48 horas.

Como prevenir?

Vacinando as crianças. A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin) é gratuita no SUS. A imunização protege contra as formas mais graves da doença.

As doses estão disponíveis nas unidades básicas de saúde, maternidades e devem ser dadas aos pequenos ao nascer ou, no máximo, até os quatro anos de idade.

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