Salvar vidas logo após o nascimento ou mesmo nos primeiros dias é considerada tarefa altamente complexa. Os bebês são organismos frágeis, muito delicados e ainda não contam com a defesa do sistema imunológico para auxiliar na recuperação de doenças.
Nesse momento, entra em ação a equipe multidisciplinar de especialistas pediátricos formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, anestesistas, cardiologistas, instrumentadores e técnicos, além da importante infraestrutura, adequada à essas necessidades específicas.
Segundo Rosangela Garbers, médica pediatra e especialista em neonatologia, em 2022 houve um aumento expressivo do número de atendimentos em UTI neonatal, em recém-nascidos. “Aqui no Hospital da Mulher e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, o atendimento na UTI neonatal sextuplicou considerado o mesmo período em relação ao ano anterior. Este ano, todas as cirurgias realizadas foram muito bem-sucedidas, pois contamos com uma equipe de cirurgiões pediátricos e anestesistas, especialistas em bebês recém-nascidos”, destaca Rosangela.
“Nossa equipe é multidisciplinar e muito experiente, o que faz a diferença em situações complexas de patologias em recém-nascidos. Quando o diagnóstico indica má-formação do feto ou quando após o nascimento há indicação cirúrgica para preservação da vida estudamos as melhores possibilidades”, explica.
Casos cirúrgicos na UTI Neonatal
A pediatra e neonatologista relata ainda algumas situações quando há indicação de cirurgia. “Em um dos atendimentos houve descolamento prematuro da placenta. A mãe estava em casa e até que a gestante chegasse à maternidade e fosse realizada cesária de emergência, por mais rápido que fosse realizado atendimento, o feto sofreu privação de circulação sanguínea e consequentemente de oxigenação, causando danos aos órgãos e tecidos do bebê. Esse recém-nascido apresentou cinco perfurações intestinais decorrentes deste choque hipopolêmico entre outras lesões. Ele foi operado e está em recuperação na UTI”, informa Rosangela.
Prematuro sobrevive após cirurgia bem-sucedida
Miguel Gonçalves nasceu no dia 5 de março deste ano, prematuro extremo com 30 semanas, baixo peso (apenas um quilo e 400 gramas) e pequeno, com 39 cm. Devido aos problemas de gestação, a mãe Maria Vitória Latucheski, de 19 anos, relata que teve problemas de gestação e precisou de atendimento especial para realizar o parto prematuro do Miguel.
Ela conta que o filho nasceu de parto normal, mas pela prematuridade extrema e apesar de todos os cuidados de UTI houve a evolução do quadro para uma doença agressiva no intestino (enterocolite necrotizante –uma doença inerente a prematuridade extrema), resultando em perfuração intestinal, a qual necessitou de cirurgia.
“Apesar da cirurgia ser complexa meu filho se recuperou”, explica a mãe. “Tive bolsa rota prematuramente. Felizmente tivemos atendimento altamente especializado de toda a equipe do hospital e após 67 dias do nascimento do Miguel saímos felizes e muito gratos, com ele saudável, pesando três quilos. Foram dias difíceis, tristes, de muita incerteza e ansiedade, mas com o apoio médico humanizado, conseguimos superar as dificuldades e estar felizes, em casa, com o nosso filho”, celebra.