São quatro anos sem direito a ter paz. Desde que Nattasha Neves se mudou para um prédio no centro de Curitiba, ela vem sendo perseguida pelo vizinho. As humilhações são constantes. A última, segundo ela, foi apenas o estopim de uma série de problemas que enfrenta pela condição de ser mulher trans.
“São quatro anos de perseguição. Eu pensei e repensei, se toda vez que eu passar por isso, tiver que mudar de prédio, eu não paro em lugar nenhum, pois o preconceito está em todo lugar. Ninguém no prédio tem nada a reclamar sobre meu respeito. Ele não vai me deixar em paz, eu quero saber o que eu fiz pra ele, ele não tem nenhum argumento”, Nattasha diz em sua defesa.
Em um dos episódios de raiva e perseguição do vizinho de porta, Selomar, ele chegou ao ponto de desligar o disjuntor da energia elétrica. A dura realidade causa muita mágoa a quem só quer o direito de ser respeitada e se sentir segura no seu próprio lar.
“Quando a gente vê essa perseguição gratuita, da parte desse senhor, percebe-se que estão sendo violados direitos básicos de vida de um ser humano. Independente do que você faz, de quem você é ou pra onde vai, elas não precisam “aceitar” as outras, elas precisam respeitar“, defende Carol Silva, vizinha de Nattasha, que acompanha de perto essa luta desde o começo.
Um novo vídeo enviado pela mulher mostra quando ela saía do apartamento e encontrou o vizinho Selomar no corredor. Ele então a encara e depois volta, segura a porta do elevador e novamente fala algo para ela. Na câmera de dentro do elevador é possível ver ela respondendo.
Nattasha explica que assumiu a nova identidade há mais de dez anos e já sofreu preconceito outras vezes, mas não quer perder o sossego no lugar onde mora. Ela foi até o Primeiro Distrito Policial registrar mais um boletim de ocorrência e tentar uma medida protetiva.
Por falar em boletim de ocorrência, Nattasha não é a única que fez uma denúncia contra o vizinho, há outras queixas contra Selomar. Um deles, de 2016, quando ele era síndico do prédio, traz a denúncia de injúria, visto que o síndico teria chamado outra moradora de porcaria em uma discussão por conta de barulho.
Veja mais detalhes sobre este caso na reportagem completa do Tribuna da Massa Curitiba desta terça-feira (30):