Real fica para trás de pares com incerteza fiscal e escalada de pandemia no país

Por José de Castro

Moeda do dólar e do real. 10/09/2015. REUTETS/Ricardo Moraes.

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar ficou perto da estabilidade ante o real nesta segunda-feira, mas o dia foi de sobe e desce e a moeda terminou a sessão mais próxima das máximas do que das mínimas, reflexo de receios sobre fatiamento da PEC Emergencial e de potenciais impactos do agravamento da pandemia na atividade econômica.

O dólar à vista teve variação negativa de 0,01%, a 5,602 reais na venda. No pregão, variou de 5,5575 reais (-0,80%) a 5,611 reais (+0,15%).

No mercado futuro, o dólar acelerou a alta perto das 17h, depois de notícia, veiculada pelo jornal “O Globo”, de que o governo elevará tributação sobre bancos para bancar subsídios aos combustíveis. A taxa do contrato de dólar futuro para março, que chegou a cair 0,53%, bateu uma máxima do dia ao subir 0,51% minutos atrás.

O real ficou bem atrás de seus principais pares emergentes. O dólar caía 1,2% contra o peso mexicano, 0,9% comparado ao rand sul-africano, 1,7% frente à lira turca e 0,7% em relação ao peso colombiano.

A pauta fiscal segue dominando. A leitura da PEC Emergencial no Senado está prevista para quarta-feira, depois de adiamento na semana passada, mas o temor é que ganhem espaço pressões vindas de alguns senadores pelo fatiamento da proposta –que cria mecanismos de ajuste fiscal para União, Estados e municípios.

O clima de cautela se dá ainda em meio à percepção de que os parlamentares estão minimizando a necessidade de aprovação da PEC como contrapartida à reedição do auxílio emergencial, num contexto de agravamento da pandemia em que se veem recordes em médias diárias de novas mortes por Covid-19 e endurecimento de medidas de restrição social em alguns Estados.

Essa combinação de fatores –além dos juros baixos e medo de intervencionismo do governo– tem feito o real persistentemente desafiar cálculos de que deveria estar mais apreciado, considerando medidas de valor justo.

Mesmo acreditando que a moeda brasileira deverá participar de uma tendência de longo prazo de fraqueza para o dólar, o Goldman Sachs ainda elevou as projeções para o dólar em três meses (para 5,30 reais, de 5,00 reais), seis meses(para 5,10 reais, de 4,90 reais) e 12 meses (para 5,00 reais, de 4,70 reais). Na semana passada, outros bancos também elevaram estimativas.

Com um pano de fundo doméstico já frágil, o risco é que o câmbio doméstico sofra com uma reversão mais acentuada e duradoura na atitude pró-risco no exterior.

“Os eventos da semana passada muito provavelmente vão servir como uma chamada de atenção e seria razoável esperar que o posicionamento em dólar se mova, pelo menos, para neutro (de venda)”, disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota.

“Na América Latina, esperamos que o mercado migre para ‘vendido’ em moedas da região nas próximas semanas”, acrescentaram, afirmando que os indicadores do banco sugerem que o ímpeto do dólar está forte e acelerando.

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