Roupas e material de indigenista desaparecido são encontrados em rio

As roupas, a lona usada no barco, duas mochilas com objetos pessoais e um cartão do SUS, foram recolhidos pelos policiais federais no fim da tarde deste domingo (12) e pertencem a Dom Philips e Bruno Pereira. A confirmação veio através de uma nota divulgada pela PF no início da noite. A vistoria do local terminou por volta das 17h30, no horário de Brasília. A área está sendo preservada por homens do Exército, e as buscas devem ser retomadas na manhã desta segunda-feira (13).

 As equipes de busca foram acionadas por integrantes da equipe de vigilância da Unijava (União dos povos indígenas do Vale do Javari), que procuram pelos dois desaparecidos desde 5 junho.

No fim da tarde de sábado (11), os indígenas localizaram, no local vistoriado, peças de roupa e uma lona plástica semelhante ao material que Bruno Pereira levava no barco em que viajava com Dom Phillips. Segundo indigenista Orlando Possuelo, que participa das buscas independentes e é amigo de Bruno Pereira, “não há dúvida de que as roupas e a lona encontradas são de Bruno”.

Após a saída das equipes da PF, os indígenas voltaram a realizar incursões pela mata e trechos do rio Itaquaí próximos a este ponto. Eles vão passar a noite em uma base móvel formada por três barcos que estão atracados na área.

No oitavo dia de buscas pelo indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, desaparecidos na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, mergulhadores dos bombeiros, agentes e peritos da Polícia Federal fizeram uma varredura em um  ponto da margem esquerda do Rio Itaquaí, a cerca de 45 quilômetros de distância ou uma hora e meia (1h30) de lancha rápida, da cidade de Atalaia do Norte.

Segundo Orlando Possuelo, embora haja esperança, as chances de encontrar Bruno e Dom Phillips vivos diminuem a cada dia. “A expectativa é que a partir dos materiais encontrados hoje, seja possível materializar provas que levem a descoberta e a condenação dos responsáveis.”

O único suspeito até o momento é o pescador Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado. Ele foi detido na casa onde mora na comunidade São Gabriel, a cerca de duas horas de lancha rápida de Atalaia do Norte na manhã da última segunda-feira (6).

Segundo a Polícia, foram encontrados com ele munições de fuzil, calibre 762 de uso restrito e ainda vestígios de sangue no barco que usava.  Após audiência de custódia realizada na noite da quinta-feira (09/jun), a juíza Jacinta Silva Santos, do fórum de Atalaia do Norte decretou a prisão temporária de Amarildo por trinta (30) dias, prorrogável por mais trinta.

Na mesma audiência, a defensora públoca Thatiana David Borges que acompanhou Amarildo, pediu que a justiça investigue o relato de tortura feito por ele./ Em depoimento a peritos indicados pela Justiça, ele disse que após ser preso foi asfixiado com um saco plástico e agredido por policiais militares para confessar o envolvimento no desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips. A juíza determinou que o ministério público apure o caso. A secretaria de segurança pública do

Amazonas afirmou que não compactua com desvios de conduta e também vai investigar as denúncias.
A família de Amarildo diz que no dia do desaparecimento de Bruno e Dom, ele não saiu de casa./ Eliclei da Costa Oliveira, 31, um dos sete irmãos do pescador preso afirma que ele é inocente. “Ele está sendo acusado de uma coisa que não fez.”

Análise

Os vestígios de sangue encontrados no barco de Amarildo e o que a Polícia Federal chamou de “Material Orgânico aparentemente Humano” já estão no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, para onde também devem ser encaminhadas a lona e a mochila encontradas no rio neste domingo.

Desaparecidos

Bruno Pereira é servidor de carreira da FUNAI, mas está licenciado. Ele estuda e acompanha povos indígenas, principalmente de etnias isoladas aqui do vale do Javari há mais de uma década. Vinha atuando como consultor da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari. Segundo a Univaja, por conta do trabalho e de denúncias feitas, Bruno recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais.

Quando desapareceu, o indigenista não estava em uma missão institucional. Ele acompanhava o jornalista britânico Dom Phillips, que mora no Brasil desde 2007. Especializado em coberturas de meio ambiente, segundo a família e amigos, Dom como é chamado por quem o conhece, é um apaixonado pela Amazônia. Colaborador do Jornal inglês The Guardian, ele veio para Atalaia do Norte para fazer pesquisas e entrevistar moradores de comunidades indígenas e ribeirinhas da região, para um novo livro que está escrevendo.

Informações de SBT News

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