Diabetes tipo 2 reduz funções cognitivas dos pacientes, aponta pesquisa de universidade

Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que mais de 16 milhões de brasileiros adultos têm diabetes mellitus. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), cerca de 90% dos pacientes apresentam o tipo 2 (DM2) da doença, quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não produz o hormônio de forma suficiente para controlar a taxa de glicemia. Da enfermidade decorre uma série de complicações em potencial, incluindo o declínio cognitivo. 

Foto: Pexels/ PhotoMIX Company

Foi para avaliar esse problema que pesquisadoras da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) realizaram estudo junto a pacientes adultos com diabetes tipo 2. O objetivo secundário da pesquisa foi verificar quais fatores poderiam estar associados ao desempenho cognitivo das pessoas com DM2 e seu declínio com o tempo. 

Durante consultas de rotina e acompanhamento, os pacientes foram submetidos a exame físico, triagem de sintomas de depressão e testes cognitivos (mini-exame do estado mental, teste de fluência verbal semântica, teste de trilhas A e B e teste de memorização de palavras). Dados demográficos – como idade e escolaridade –, ligados ao estilo de vida e tempo de diabetes também foram coletados. 18 meses depois, a bateria de exames foi realizada novamente. 

Numa população com média de 60 anos, 12 anos de diabetes e sete anos de estudo formal, em 18 meses houve declínio cognitivo em 14% dos pacientes. Os fatores de risco detectados no início e no retorno dos pacientes e relacionados a um pior desempenho cognitivo foram: idade superior a 65 anos, menos de seis anos de estudo e presença de hipertensão arterial, doença cardiovascular associada ao diabetes, sintomas de depressão e retinopatia diabética, uma complicação crônica do diabetes. 

“A pesquisa do desempenho neurocognitivo em pacientes com diabetes tipo 2 deveria fazer parte da rotina de consultas dessa população, especialmente em relação àqueles que apresentam maior risco, visto que a deterioração cognitiva pode interferir na qualidade de vida e no autocuidado. Além disso, é preciso alertar as famílias quanto ao momento em que o paciente pode necessitar de ajuda para suas atividades diárias”, afirma Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na PUCPR e professora da Universidade. 

Ana Cristina ainda explica que como alguns fatores de risco estão relacionados a hábitos, como tabagismo e sedentarismo, seu controle poderia minimizar o impacto da doença na cognição. Como níveis mais baixos de escolaridade também refletem no déficit cognitivo dos pacientes com diabetes tipo 2, é fundamental que o Poder Público realize cada vez mais investimentos em educação. 

Publicação internacional – Os resultados do estudo foram descritos no artigo “Risk factors for cognitive decline in type 2 diabetes mellitus patients in Brazil: a prospective observational study” (“Fatores de risco para o declínio cognitivo em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 no Brasil: um estudo observacional prospectivo”, em tradução livre), publicado na revista científica internacional Diabetology & Metabolic Syndrome. 

Além de Ana Cristina Ravazzani de Almeida Faria, assinam o trabalho as pesquisadoras da Escola de Medicina da PUCPR Joceline Franco Dall’Agnol, Aline Maciel Gouveia, Clara Inácio de Paiva, Victoria Chechetto Segalla e Cristina Pellegrino Baena. 

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