Dieta para paciente em cuidados paliativos deve considerar objetivos do tratamento

Falar sobre cuidados paliativos muitas vezes nos remete a uma situação delicada de pacientes que, com mínimas perspectivas, estão resignados a amenizar sua situação por meio de ações que lhes proporcionem bem-estar. A realidade, porém, mostra um cenário diferente – e mais acolhedor.

Foto: Pexels/ Muskan Anand

Acolhimento é a palavra-chave. Esse tipo de cuidado se baseia em três eixos: o controle de sintomas, a melhoria da qualidade de vida e o aumento do conforto e da dignidade. Por isso, a empatia e a compaixão são elementos de enorme importância, tornando a atenção ainda mais humana, aproveitando os benefícios da modernidade e do avanço da tecnologia na área não apenas para prolongar a vida, mas para fazer com que a situação do paciente seja avaliada e dosada da melhor maneira possível.

A atuação dos profissionais da fonoaudiologia faz parte da equipe multidisciplinar de atenção e intervenção para esses quadros, com suas abordagens, realizam melhorias de condições e reabilitação das funções de fala, audição e deglutição em pacientes fragilizados por doenças incuráveis ou que interfiram no perfeito andamento de funções do corpo. É tão importante quanto as demais funções que contribuem para definir os critérios de alimentação artificial, junto com a equipe médica.

“A atuação do fonoaudiólogo tem uma importância enorme. Não apenas por possibilitar a melhoria das funções que envolvem a saúde pulmonar, os riscos de desnutrição e de desidratação e também na comunicação do paciente. A chance que o profissional possui de conferir ao paciente nutrição necessária de forma mais segura sem sofrimento, principalmente, no desfecho da vida, é de um valor incalculável”, analisa Talita Todeschini, fonoaudióloga, pós graduada em Disfagia com atuação em âmbito hospitalar e Mestre em Distúrbios da Comunicação e conselheira do CREFONO 3 (Conselho de Fonoaudiologia do Paraná e Santa Catarina).

A Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) publicou um posicionamento oficial, no último mês de maio, reforçando a ética e a legalidade da não implementação ou retirada de dieta em pacientes em estado vegetativo crônico. Nesse documento, a ANCP explica que a tentativa de prolongamento da vida pode até objetivar a cura da doença, mas eventualmente deixa de levar em conta se está sendo demasiadamente invasiva ou causando sofrimento ao paciente e sua família. E que, por isso, os critérios de continuidade ou redução da alimentação artificial, quando discutida pela família e representante legal com a devida avaliação dos médicos e fonoaudiólogos atuantes na equipe, respeitam a necessidade fisiológica do paciente sem causar sofrimento.

E a vida, se é para ser vivida, tem que ser valorizada, segundo o conceito dos cuidados paliativos. “As intervenções não buscam somente o alívio da dor. O que o paliativismo promove é a valorização de comportamentos e ações que têm o potencial de melhorar o estado de espírito dos pacientes, beneficiando seu psicológico e emocional, tudo de acordo com os valores e a trajetória de vida de cada um deles”, pontua a especialista.

Viagens, realização de sonhos, companhia: tudo isso se soma às abordagens técnicas realizadas por profissionais da saúde de diferentes áreas, que se somam na busca por melhorias de condições que, ao seu tempo e em variadas intensidades, fazem uma diferença enorme na vida dos pacientes. E é justamente no respeito a essa premissa que o fonoaudiólogo, dentro da equipe multidisciplinar, demonstra sua importância, viabilizando conforto à rotina do paciente e possibilitando que ele e sua família realizam suas escolhas, expressando suas vontades de modo a lhe oferecer conforto e atenção.

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