Fazendo a doação de plasma, as pessoas que já se recuperaram da covid-19 podem ajudar outros pacientes, pois o componente sanguíneo pode concentrar uma grande quantidade de anticorpos que agem no combate à infecção. Essa ação recebe o nome de plasma hiperimune ou plasma convalescente.
Desde o ano passado, o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) faz a coleta desse material, repassando aos hospitais que usam a terapia como alternativa no tratamento dos pacientes internados. Mais de mil bolsas foram produzidas no período, entretanto, a quantidade ainda é pouca, para atender toda a demanda.
Para isso, o paciente recuperado precisa esperar até 45 dias do diagnóstico do RT-PCR ou 30 dias após o fim dos sintomas. Também é necessário agendar a coleta no Hemepar.
A coleta de sangue pode ser feita em qualquer unidade da Hemorrede no Paraná. Já a coleta somente do plasma, feita pelas doações por aférese, que é uma máquina responsável por separar todos os componentes do sangue, sendo capaz de coletar individualmente cada um, acontece somente em Curitiba.
“Com a aférese conseguimos coletar até 600 ml de plasma, o que corresponde a três doses. Além disso, as pessoas podem doar uma vez por semana, diferente da doação de sangue convencional, que só pode ser feita novamente com um intervalo de 60 a 90 dias”, explica a diretora-geral do Hemepar, Liana Labre de Souza.
A produção do material que é destinado aos hospitais também é feita somente na Capital. Para isso, o sangue do doador é analisado para ver a quantidade de anticorpos IgG (Imunoglobulina G) circulante. Caso haja boa quantidade anticorpos, a produção é feita. Cada bolsa de sangue produz 200 ml de plasma hiperimune.
Terapia
Há algum tempo, transfusão de plasma convalescente é experimentada como terapia para doenças infecciosas. Foi usada na pandemia de gripe espanhola, no início do século passado, e também em surtos mais recentes, como do sarampo, da influenza e até do ebola. O Hemepar desenvolve um estudo em conjunto com médicos do Hospital do Rocio, na Região Metropolitana de Curitiba, para avaliar a efetividade da terapia.
No caso da doença causada pelo coronavírus, a transfusão é feita no início da infecção, nos primeiros cinco dias, em pacientes que não estejam com o pulmão muito comprometido e sempre com autorização dos familiares. “Temos efetivamente bons resultados com o plasma convalescente, e um estudo será publicado com essa avaliação nos pacientes com covid-19. Mas ainda é tudo muito empírico, é preciso que mais trabalhos científicos sejam publicados”, afirma Liana.
A diretora-geral ressalta que ainda não existe um tratamento totalmente eficaz para o coronavírus, por isso, é importante manter os cuidados necessários, como o uso de máscaras e distanciamento social.
Colaboração AEN