Quase uma semana após a morte de Ana Paula Campestrini de 39 anos, familiares e amigos da vítima saíram às ruas para protestar o assassinato que chocou a população no dia 22 de junho. A vítima, que chegava em casa, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, foi surpreendida por um motociclista e atingida por mais de dez disparos. O ex-marido, Wagner Oganauskas, e um amigo dele, Marcos Ramon, foram presos preventivamente. Eles negam o crime.
O grupo se concentrou em frente à Praça Santos Andrade e seguiu até a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Avenida Sete de Setembro, na região central da cidade. Com faixas e cartazes, os frequentadores gritavam palavras de ordem e pediam por mais segurança, principalmente em favor das mulheres.
De acordo com Luana Mello, namorada de Ana Paula, que a justiça seja feita e que o nome de Ana Paula Campestrini seja representado com dignidade e amor. “Ela era uma mãe excelente e uma namorada incrível. Não vou deixar que o nome dela seja ridicularizado. Ana tentava conviver com os filhos, mas ele [ex-marido] estava dificultando tudo. Estava animada por ter contato mais frequente com os filhos”, disse em entrevista à Rede Massa.
Investigação
A princípio, Oganauskas teria encomendado a morte da ex-esposa e Ramon teria sido o responsável pela execução, que foi registrada por câmeras de segurança na entrada do condomínio onde a vítima morava há menos de um mês. De acordo com a polícia, uma das possíveis motivações seria a briga pela guarda dos filhos do casal. Ana Paula, inclusive, estaria sendo impedida de ver os filhos, conforme revelou a delegada Tathiana Guzella.
“A Ana Paula só via os filhos da rua, ela só conseguia ver eles de longe brincando no clube”, esclareceu a autoridade policial. Esse clube ao qual se refere a delegada fica no bairro Cristo Rei e é onde os filhos do ex-casal praticavam atividades esportivas e recreativas. Há cinco processos na Justiça envolvendo a guarda das crianças, segundo a delegada. O ex-marido de Ana Paula é presidente desse clube, e o suposto atirador é diretor dessa mesma entidade.
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Negam envolvimento
Wagner Cardeal Oganauskas, ex-marido de Ana Paula, prestou depoimento por duas horas e meia e negou ter orquestrado o assassinato. De acordo com uma das advogadas da dupla, Karoline Alves Crepaldi, o suspeito mora num condomínio fechado e o circuito interno de câmeras mostra que ele não saiu de casa na manhã do crime. “Ele estava com as crianças, os filhos estavam em casa fazendo aulas na modalidade virtual”, destaca.
Outro advogado de Oganauskas, Elias Mattar Assad, garante que tanto ele quanto Marcos Antônio Ramon “negam veemente” a autoria e também coloca em dúvida o trabalho da Polícia Civil. “Temos uma constatação de que investigações apressadas com ‘suspeitos de plantão’ normalmente acabam sendo sistematicamente enganadora; esse inquérito tem que aprofundar muito as investigações para poder tirar alguma conclusão no sentido de autoria”, aponta o jurista.
Uma terceira defensora da dupla, Louise Mattar Assad, alega ainda que Oganauskas “em nenhum momento se negou a receber visitas da mãe” e aponta que “há três anos foi ela, por vontade própria, que saiu de dentro de casa deixando aquelas crianças e visitando muito pouco” – a briga pela guarda dos filhos estava na Justiça, assim como a disputa pela divisão de bens. “Ela ficou com o carro e estava de posse de um sobrado, também foi quitada a dívida de pensão”, completa a advogada.
O crime
A vítima, que estava dentro de um veículo Ônix, foi assassinada com 14 disparos, na Rua Padre Paulo Canelles, no momento em que a vítima acessava a garagem de um condomínio onde vivia com a namorada. Sem chances de defesa, a mulher foi atingida pelo lado do motorista e não resistiu aos ferimentos após voltar do trabalho.
Imagens de sistemas de monitoramento do bairro Santa Cândida registraram a execução de Ana Paula Campestrini, crime ocorrido na manhã de terça-feira (22).
O vídeo mostra quando a vítima chegava em casa e é cercada por um motociclista. O criminoso saca uma pistola e atira 14 vezes contra Ana Paula, que morre na hora. As imagens já estão com a Polícia Civil, que investiga o caso e ainda não revelou detalhes sobre possíveis suspeitos ou motivação para o crime.