Antes de matar a enfermeira Franciele Cordeiro e Silva na terça-feira (13), em Curitiba, o policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva enviou para amigos uma carta digitada de três páginas.
O título da carta é “O último primeiro texto de um suicida”. No conteúdo, Dyegho conta sua versão sobre diversas situações em seu relacionamento com Franciele.
O policial também fala sobre tirar a própria vida devido aos problemas que o relacionamento trouxe a ele. No início da carta, ele escreve que fez diversas dívidas para ajudar Franciele a pagar as contas e que deixou bens, como moto e videogame, para pagar o que devia.
No meio do relato, o policial comenta sobre o boletim de ocorrência que a vítima registrou, alegando que ele teria obrigado ela a abortar. Segundo Dyegho, ele não queria nada sério com Franciele. “Estávamos aqui e tivemos relação sexual. Ela tirou o DIU no dia da mudança e sequer me contou. Armou isso para mim. Ela sabia que eu não queria filhos até acabar minha faculdade ou passar no concurso. E pior, filho com ela se é que eu nem a amava nessa situação”, relata em trecho da carta.
O policial alega que ela engravidou e que ele foi manipulado. Ele ainda diz que a enfermeira tomou o remédio para abortar sozinha e depois o chamou para ficar com ela até o medicamento fazer efeito.
Em outro trecho, no fim da carta, Dyegho escreve: “tem muita coisa a dizer, mas infelizmente fui vítima de muita coisa também. Estudante de criminologia, sempre publiquei artigos em defesa e combate a violência contra mulher, mas há mulheres que são vítimas de verdade e há mulheres que fingem e agridem o homem, até que ele não aguente. Não é uma questão de feminicídio pela questão dela ser mulher, mas é por tudo o que ela fez comigo, um homem saudável e com a cabeça sempre focada. Ficou perdido e não achou mais solução.”
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